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As palavras fugiram da beira da noite,
Como pássaros feridos num céu sem fim.
O verso secou na garganta do açoite,
E o papel em branco zombava de mim.
A poesia é uma porta que abre para os dois lados.
Outro dia, contava estrelas com as mãos,
Com olhos de mar e tempestade acesa.
Hoje, me afogo em silêncios vãos,
E na alma resta só a incerteza.
A poesia é uma porta que abre para os dois lados.
Tentei arrancar beleza da dor,
Mas até a dor se calou comigo.
Minha pena, cansada, perdeu a cor,
E o mundo tornou-se um inimigo.
A poesia é uma porta que abre para os dois lados.
Se escrevo, sangro; se calo, apodreço.
Sou ruína de mim, poeta sem morada.
Na ausência do sonho, já não adormeço,
E a esperança foi deixada na estrada.
A poesia é uma porta que abre para os dois lados.
No lado de fora, o grito e o abismo.
No lado de dentro, o som e o exorcismo.
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