Corvo do Silêncio
"Onde o mundo grita, o Corvo do Silêncio escreve, e no som das palavras, a alma desperta."
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Resposta de Um Sábio

Resposta de Um Sábio

 

Perguntei a um sábio:

— Mestre, qual a diferença entre o amor e a amizade?

 

Ele fechou os olhos, respirou o aroma das flores ao redor, e com voz serena, respondeu:

— Não há como saber, se não houver sentir.

E então, começou a falar como quem vive cada palavra que diz:

 

O amor é mais sensível,

a amizade, mais segura.

O amor nos dá asas,

a amizade nos mantém com os pés no chão.

O amor carrega mais carinho,

a amizade, mais compreensão.

O amor precisa de flores,

a amizade, aceita até os espinhos.

 

Enquanto ele falava, parecia que suas palavras ganhavam forma, cor, perfume.

Sentado em sua cadeira de balanço, entre suas plantas e uma bandeja de chá adornada com pétalas secas, ele me ofereceu uma xícara:

 

— Chá? Disse ele com um sorriso gentil.

 

Enquanto me servia, continuou sua narrativa encantadora, agora com ainda mais brilho nos olhos:

 

O amor precisa de tempo.

A amizade transforma o tempo em presença.

O amor nasce na primavera.

A amizade floresce em todas as estações.

O amor, às vezes, nos cega...

mas é a amizade que nos empresta os olhos.

O amor pode nos jogar ao chão.

A amizade, ainda que demore, nos levanta.

 

Cada palavra dele era como um sopro de sabedoria antiga.

Parecia que o tempo parava para ouvi-lo falar.

 

Então, aproximou-se uma jovem de beleza delicada, de longos cabelos escuros e olhar sereno.

Ela sorriu com ternura e perguntou:

 

— Mestre, fale-me das flores, de suas qualidades, de sua beleza.

 

Ele apontou para a cadeira ao meu lado:

 

— Sente-se. Aqui, começaremos com esta.

 

E entregou a ela uma tulipa amarela.

 

— Pegue-a. Sinta-a. Toda flor fala com quem tem tempo de escutar.

 

Ela recebeu a flor com cuidado e se sentou.

O mestre, então, concluiu o que antes dizia a mim:

 

O amor é plantado e, com carinho, cultivado.

A amizade chega faceira, e com alegrias e dores,

torna-se companheira.

Mas quando o amor é sincero, ele é abrigo.

Um coração para o amor,

outro para a amizade

e ambos se abraçam dentro de nós.

 

Acompanhou-me até a porta.

Antes de voltar-se à jovem, disse:

 

— Adorável mulher, essa flor que agora segura é rara, bela, como o que você procura em si mesma. Talvez ela fale mais sobre você do que imagina.

Aceita uma xícara de chá?

 

Vi quando ela acenou com a cabeça, aceitando.

Sorriu, afastando delicadamente uma mecha de cabelo dos olhos.

 

Saí dali com aquele sorriso gravado na memória, e as últimas palavras do mestre como um som suave no coração:

 

Viva assim...

 

Em cada dia, um sorriso.

Em cada sorriso, a felicidade.

Em cada felicidade, a esperança...

de encontrar, na amizade, um verdadeiro amor.

 

Do outro lado da rua, um restaurante esperava.

Mas por dentro de mim, algo já havia sido servido:

 

O chá da sabedoria, adoçado com poesia.

 

 

Corvo do Silêncio
Enviado por Corvo do Silêncio em 07/09/2014
Alterado em 28/07/2025
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