Domingo, e o sol das três horas aqui na cidade está quentíssimo. Os pássaros não estão na goiabeira, provavelmente à procura de abrigo e água para se refrescarem. Consegui finalmente fechar 180 páginas do livro que venho escrevendo há algum tempo—na verdade, há muito tempo. Minha situação atual com meu pai ainda na UTI me ajudou a escrever mais, pois o livro é bem psicológico, assim como meu estado nos últimos dias, no limite. Entre um tempo e outro, leio os comentários dos amigos poetas e os textos de novos escritores. E, claro, sempre acompanhando tudo com uma Coca-Cola e muita água. Um abraço a todos.
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Na foto: A Goiabeira nesta tarde de domingo sem os pássaros
O dia no trabalho transcorreu com calma, sem grandes novidades. Quanto ao meu pai, a situação permanece a mesma, ele continua estável. Aproveitei esse tempo para escrever mais sobre a expectativa de um milagre, refletindo sobre a difícil espera por uma notícia carregada de esperança. Também pensei sobre a rotina no hospital, o esforço incansável dos médicos e como, muitas vezes, suas humanidades são ignoradas por críticas simplistas ou representações irreais na televisão.
A médica me contou outra história, desta vez por escrito. Ela falou de um senhor, segurança na entrada do setor de traumas, um homem sempre alegre e sorridente, que carrega consigo tantas histórias que poderiam facilmente preencher um livro de memórias. No fim do dia, tive a chance de revisitar alguns poemas antigos que escrevi. Foi um bom dia, que começou com o canto dos pássaros na goiabeira durante o café da manhã.
Hoje, acordei ao som dos pássaros na goiabeira, tão perto da janela, quase como se me chamassem de volta à realidade. Eles vêm todas as manhãs, em busca dos frutos que a árvore generosamente oferece, e depois partem felizes, sempre prontos para retornar no dia seguinte. É um ciclo tão simples e constante, mas tão cheio de vida. Me pergunto se, de certa forma, eu também não estou vivendo dentro de um ciclo, ainda que o meu pareça mais pesado.
Os últimos dias não têm sido fáceis. Meu pai ainda está no hospital, e as notícias que chegam não são das melhores. Elas me confortam o suficiente para manter a esperança, mas não deixam de trazer uma sombra de incerteza. E, enquanto ele luta pela vida, parece que a minha, de alguma forma, está em pausa. É difícil não sentir que, ao continuar com as tarefas do dia a dia – o trabalho, a família, os filhos –, estou fazendo algo errado, como se fosse injusto seguir adiante enquanto ele está ali, tão vulnerável.
No entanto, há algo nos pássaros e no seu pequeno ritual matinal que me faz lembrar que a vida segue, mesmo em meio à dor. Eles voam, se alimentam e retornam. A vida não para. E talvez eu também não deva parar. Há uma parte de mim que quer se agarrar a essa ideia, que entende que, assim como eles, posso encontrar pequenas formas de continuar, mesmo que a tristeza ainda esteja aqui.
Percebo que essa pausa que sinto na minha vida pessoal não é um sinal de estagnação. Talvez seja um momento de renovação, ainda que eu não consiga ver. Assim como a goiabeira nutre os pássaros silenciosamente, esses momentos de espera e reflexão estão nutrindo algo dentro de mim. Talvez essa pausa seja o que eu preciso para me preparar, para encontrar forças no meio do caos.
Então, assim como os pássaros voltam para a goiabeira todas as manhãs, eu também vou seguir. Não porque tudo está bem, mas porque a vida pede que continuemos, mesmo nos dias difíceis. Há uma beleza silenciosa em continuar, uma esperança que, aos poucos, se renova a cada novo dia.
Hoje senti a necessidade de refletir sobre a minha jornada como escritor, especialmente no Recanto das Letras, onde tenho compartilhado meus textos com tantas pessoas. Às vezes me pego pensando em como tudo começou, nas primeiras palavras que publiquei, e em como, aos poucos, fui ganhando confiança através dos comentários e interações com os leitores.
Aprender com esse processo tem sido transformador. Cada novo texto é uma espécie de diálogo silencioso, onde lanço minhas palavras ao mundo e, de volta, recebo diferentes interpretações, sentimentos e até críticas construtivas. É como se a escrita fosse um rio, e cada leitor que o atravessa leva um pouco de mim, mas também me devolve algo novo, algo que só o ato de compartilhar proporciona.
Hoje, com a mente cheia de ideias e o coração transbordando de gratidão, decidi que novos títulos estão por vir. Tenho explorado estilos e temas que me desafiam, e é incrível perceber como a cada nova experiência, minha escrita se molda e evolui. Essa troca constante me faz querer continuar, me faz buscar mais profundidade e sensibilidade em cada linha.
É fascinante perceber que, na verdade, não sou apenas eu quem está criando. De alguma forma, meus leitores também me moldam, e essa jornada literária se torna um caminho que trilhamos juntos. O que me deixa ainda mais animado para os próximos textos que virão.
Hoje escrevo com a certeza de que, mais do que nunca, sou um aprendiz das palavras, e cada novo conto ou poesia é um reflexo desse aprendizado contínuo.
Fecho o dia com o coração leve, pronto para o que vem a seguir.
— A Sales
Voltei!!!!!
Enfim, foram quase um ano sem publicar no recanto e confesso aos amigos e amigas poetas que neste período de tempo deixei de aprender, sim, aqui melhorei e muito, pra não dizer muita mesmo minha maneira de escrever a poesia, e isto graças aos mestres. Obrigado a todos.
Esse tempo ausente estava trabalhando arduamente na construção do meu livro, e digo com certeza que eu mesmo queimei minha língua, eu dizia que escrever um livro era muito fácil. Engana-se quem pensa como eu pensava.
Ao mesmo tempo que é gratificante é também trabalhoso, pesquisas, elaboração da história, entrevistas para verificar ainda mais a narrativa, viagens para conhecer com mais precisão a geografia e os fatos citados na trama.
Esta nova etapa que indico aqui, está mais madura, mais recheada e complementada de sentimento com as regras necessária da paixão. Novamente vocês são minha fonte de agradecimento, e não me canso de dizer, obrigado poetas e poetas do recanto.