Eu sou o Tempo que a tudo assiste,
Não paro, não volto, não resisto.
Sou sombra que alonga cada passo,
Sou voz que ecoa em cada espaço.
Vi a criança, cheia de luz,
O olhar dela me reluz.
Mas seu brilho, sem saber,
Será lágrima antes de crescer.
O jovem veio com sua fala,
Com fé, com sonho, com tanta escala…
Mas não sabia que o som que entoa
Se perde quando a alma voa.
O homem chora? Eu já vi tantos…
Com olhos secos de tantos prantos.
E mesmo assim seguem vivendo,
Com corações sempre se perdendo.
A mulher implora e me acusa,
Como se eu fosse uma cruz confusa.
Mas sou apenas um viajante mudo,
Que carrega o que vocês chamam de tudo.
O ancião pergunta o porquê da dor.
Ele não sabe, sou mais que amor.
Sou o caminho que nunca explica,
Mas que em silêncio tudo indica.
A resposta nunca esteve em mim,
Pois nunca tive começo ou fim.
Sou espelho daquilo que vocês são,
Fragmentos vivos da própria ilusão.
Então, quando fores criança ou ancião,
Lembra: sou apenas direção.
Quem busca a resposta no tempo vai ver,
Que o tempo apenas ensina a ser