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Capítulo 16

A Origem da Coruja

Quando o rugido de Leão se uniu ao silêncio do Escorpião

 

 

  A Ordem do Zodíaco, criada no ano de 1650 por um ser conhecido apenas como Theather, nasceu sob o simbolismo do equilíbrio absoluto entre a vida e a morte. Thanather, cujo nome se originava da fusão entre "Thanatos" (a morte) e "Aether" (a essência vital), alguns dizia que ele não era humano, tampouco uma divindade nos moldes conhecidos. Ele era um emissário entre os planos. Seus olhos viam além do tempo e sua voz era como o som de ambos os mundos. Escolheu doze sacerdotes, cada um com a energia astral de um dos signos do zodíaco, e a cada um deu um dom. Gêmeos recebia a linguagem das almas, Sagitário, o dom da visão distante, Virgem, o toque da cura e assim por diante.

  Mas entre eles, ele viu um coração nobre, indomado, forte e justo: o da sacerdotisa de Leão. Por isso, escolheu-a para sucedê-lo após sua partida deste plano material. Capricórnio, sacerdote severo, cerebral e ambicioso, não aceitou. Naquele tempo, porém, não possuía aliados. E por isso calou-se.      Planejou em segredo. E esperou. Quinze anos inteiros em silêncio, tecendo alianças como teias em cavernas ocultas.

  Três anos após a escolha da nova líder, Thanather teve sua existência unificada às estrelas. Sua partida foi marcada por um eclipse, e o céu brilhou com doze constelações por uma noite inteira.            Aquele foi o momento em que Capricórnio, mesmo tendo perdido a primeira guerra contra Escorpião, tomou a liderança da Ordem do Zodíaco com as bençãos forjadas pela mentira. Ferido, mas astuto, ele se autodeclarou novo guia da ordem e a renomeou: “Ordo Nocturnis”, em homenagem aos morcegos das cavernas onde, nos tempos de conspiração, escondera seus planos. A escuridão era seu rebanho. O silêncio, sua língua.

  Mudou as regras, queimou antigos manuscritos e proibiu qualquer menção à Sacerdotisa de Leão. Designou aos sacerdotes fieis que cada um escolhesse doze aprendizes. Criou um código de fidelidade à Ordo e instituiu o “*Credo das Sombras”, cujo primeiro versículo dizia: “A luz julga, a sombra executa.”

  Desde o confronto de 1665 com Escorpião, passaram-se cinquenta anos. Capricórnio e os seus jamais encontraram a verdadeira relíquia. Seus espiões, feiticeiros e necromantes a procuraram em bibliotecas secretas e tumbas esquecidas por todo o mundo. Em vão.

  Foi apenas em 1813, numa cidade notoriamente marcada por cultos e seitas secretas, “Toulouse”, no sul da França, que a Sacerdotisa de Leão, então vivendo entre os humanos, recebeu o aviso do Eremita. A Ordo Nocturnis planejava interferir no ciclo natural da existência. Escorpião, desde sua deserção, jamais abandonara Leão. Eram os dois exilados da velha ordem, forjando no silêncio um último escudo contra o desequilíbrio.

  Eles sabiam que a verdadeira relíquia, “o Vértice de Ethers” era poderosa demais para cair nas mãos erradas. Continha os segredos do trânsito entre os vivos e os mortos, da reencarnação, do apagamento e da perpetuação das essências assim o poder da longevidade. Ela também continha o código do espaço entre os mundos, conhecido como ‘Aetheris Umbralem” a Penumbra dos Limiares.

  Por isso, Leão e Escorpião criaram uma réplica. Indistinguível da original. E decidiram guardar a verdadeira nas profundezas de Aetheris. Enquanto isso, a réplica seria o único chamariz seguro para a Ordo.

  A batalha foi inevitável. Toulouse se tornou campo de guerra de sombras e luzes que os humanos jamais puderam ver. Leão enfrentou os oito signos aliados de Capricórnio, Áries, Touro, Gêmeos, Câncer, Virgem, Libra, Sagitário e Peixes, enquanto Escorpião reencontrava seu irmão em combate feroz e por ser o mais forte entre todos.

  Os dons antigos rugiram na Terra. Ventos congelantes, chamas azuis, ilusões psíquicas, tremores e silências sobrenaturais. Mas os traidores foram vencidos. A Ordo os expulsa. Ainda assim, a vitória cobrou seu preço.

  Leão, ao usar sua própria existência simultaneamente nos dois planos, enfraqueceu-se. Era como se a vida lhe escapasse em duas dimensões. E quando o corpo mal se mantinha em pé, ela se ajoelhou diante de Escorpião e disse:

— Escorpião... eu não tenho muito tempo. Pegue a verdadeira relíquia e quebre-a.

Ele hesitou.

— Deixe a falsa onde Capricórnio possa encontrar. Ele nunca saberá a diferença.

Escorpião se calou. Mas seus olhos tremiam. Leão segurou sua mão com força:

— Prometa-me. Crie uma nova ordem. Dê a ela o nome de “Ordem da Coruja”. "Order of the Owl". Encontre cinco pessoas. Treine-as com tudo o que sabemos.

Ela engasgava as palavras.

— Eu colocarei diante de você a pessoa que permitirá que eu retorne. E através desta mulher que você deve amar como amou a me, para que nosso amor permaneça vivo ao longo dos anos que virão. Você encontrará a mulher que carrega a marca da ordem que você irá criar hoje. A coruja em seu peito esquerdo será o sinal. E com ela, a Ordem Nocturnis cairá.

Escorpião assentiu. Silencioso. As lágrimas não tinham lugar entre guerreiros, mas seu coração ardia.

Então Leão sorriu. Um último sorriso. Como se o sol brilhasse pela última vez em seu rosto. E diante dos olhos de Escorpião, seu corpo se dissipou em fragmentos dourados, como poeira de estrela através da Penumbra.

Leão havia retornado à Aetheris Umbralem, onde esperaria por sua nova chance.

E Escorpião sabia: a nova era começaria com uma mulher que não fazia ideia da linhagem que carregava. Uma mulher chamada... Andressa. Uma mulher que nasceria em 1983. A exatos 170 anos no futuro.

Continua....

A Sales
Enviado por A Sales em 07/07/2025
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