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-----> Caminho para o Entardecer <-----

 

 

  O céu se pintava em tons de laranja e dourado, enquanto o sol, como um rei em despedida, lentamente se recolhia atrás das montanhas. O vento sussurrava entre as folhas das poucas árvores espalhadas pela estrada de terra, trazendo consigo o aroma da terra úmida e o canto distante de um pássaro solitário. No horizonte, a estrada se estreitava até se perder entre os contornos rochosos das montanhas, como um fio dourado que guiava a passagem do tempo.

 

  Ela caminhava sozinha, os passos marcando o chão poeirento, enquanto o eco de sua respiração se misturava com o silêncio do entardecer. Vestia um longo casaco bege, cujos botões brilhavam sob a luz suave do sol. Seu cabelo, solto e desalinhado pelo vento, dançava em pequenas ondas, refletindo o dourado da tarde. Seus olhos estavam fixos no horizonte, mas sua mente viajava por lembranças e pensamentos distantes.

 

  Cada passo era um diálogo silencioso com o passado. Caminhava porque precisava seguir em frente, porque a estrada, longa e vazia, parecia o único lugar onde sua alma inquieta poderia encontrar paz. O calor morno do sol sobre sua pele era um lembrete de que o tempo não esperava por ninguém, que tudo o que se vai, vai sem promessa de retorno.

 

  As montanhas ao seu redor pareciam vigias silenciosas, guardiãs de um segredo passado. Seus picos altos, cobertos por sombras azuladas, tornavam a paisagem majestosa, quase intocável. Era como se o próprio mundo observasse sua jornada, esperando para ver se ela teria coragem de seguir até o fim daquela estrada.

 

  Um arrepio percorreu sua pele quando uma brisa mais forte soprou, erguendo partículas de poeira ao seu redor. Por um instante, fechou os olhos, permitindo-se sentir a vastidão do momento. O vento parecia murmurar seu nome, como se a própria terra tentasse confortá-la, lembrando-a de que, mesmo sozinha, nunca estava realmente só.

 

  O sol afundava lentamente atrás das montanhas, e o céu começava a se tingir de tons rosados e lilases. Pequenos raios escapavam entre os vales, criando feixes dourados que banhavam a estrada com um brilho suave. As sombras se alongavam, e tudo ao redor ganhava uma beleza melancólica, como uma pintura prestes a ser finalizada.

 

  Ela parou por um momento, permitindo que seus olhos absorvessem cada detalhe. Queria guardar aquela imagem dentro de si, como um refúgio para os dias difíceis. O céu vibrante, o cheiro da terra, o toque do vento em seu rosto… tudo parecia fazer parte de um quadro que só ela poderia compreender.

 

  De repente, uma lágrima silenciosa deslizou por sua face. Não era tristeza, nem alegria. Era algo mais profundo, um reconhecimento da imensidão da vida e da beleza que existia entre a solidão e o sentimento de não está só. Caminhar sozinha não significava estar perdida, mas sim encontrar-se a cada passo.

 

  O som de seus sapatos contra a terra seca voltou a preencher o espaço. O caminho ainda era longo, mas não havia pressa. Cada passo era uma promessa de recomeço, uma aceitação do que ficou para trás e do que ainda estava por vir. Ela sentia no peito a leveza de quem aprende a carregar apenas o necessário.

 

  Os últimos raios do sol tocaram a linha do horizonte, tingindo tudo com um brilho avermelhado. Em breve, as estrelas começariam a surgir, tímidas e distantes, mas sempre presentes. O céu mudava, a noite se aproximava, mas a estrada permanecia ali, firme, esperando por seus passos.

 

  Ela inspirou profundamente, sentindo o cheiro da liberdade e da incerteza misturados no ar. Não sabia exatamente para onde aquela estrada a levaria, mas sabia que cada passo era seu, cada escolha, sua. Não havia mapas, nem direções definitivas, apenas a certeza de que precisava seguir.

 

  As montanhas, imponentes e serenas, pareciam sussurrar histórias de outros viajantes solitários que por ali haviam passado. Talvez cada um deles tenha deixado um pedaço de sua jornada naquela estrada, assim como ela agora fazia. O tempo continuaria seu ciclo, levando e trazendo almas em busca de algo maior.

 

  O sol finalmente desapareceu, e a estrada se tingiu de um azul profundo. O primeiro brilho das estrelas cintilou no céu, como pequenas lanternas acendendo para guiá-la pelo caminho. A escuridão não a assustava; pelo contrário, trazia a promessa de um novo amanhecer.

 

  Com um último olhar para o horizonte, ela continuou a caminhar, sabendo que a vida era isso: um longo caminho de idas e vindas, de despedidas e recomeços. E, enquanto houvesse estrada, enquanto houvesse céu e vento, sempre haveria um motivo para seguir adiante.

A Sales
Enviado por A Sales em 03/03/2025
Alterado em 03/03/2025
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