Se me perguntassem o que mais amo, eu hesitaria. Porque entre o perfume delicado das rosas e o ronronar suave dos gatos, meu coração se divide e se funde. O que seria mais belo? O toque aveludado de uma pétala ou o pelo macio de um felino? O silêncio perfumado de um jardim ao entardecer ou o som doce de um miado pedindo carinho?
Se pudesse escolher, não escolheria. Faria de cada rosa um pequeno gato adormecido, e de cada gato, uma rosa que floresce ao toque do vento. Imagino um felino cor-de-rosa, com patas leves como folhas ao cair, olhos que brilham como botões a desabrochar. Um ser que cheira a primavera e aquece como um abraço num dia frio.
Seria ele um mistério entre espinhos e afagos, dançando pelos galhos, deixando um rastro de amor e pétalas. Subiria muros como trepadeiras rebeldes, enroscaria-se nos meus braços como um galho que insiste em abraçar o sol. Seu ronronar teria a melodia das brisas floridas, e sua presença seria um jardim inteiro, onde a ternura nunca se desfaz.
Gato ou rosa? Quem disse que preciso escolher? Sonho com um universo onde ambos se tornam um só: onde as garras são suaves como espinhos que não ferem, e o perfume é o próprio amor a flutuar no ar. Quem sabe, em algum canto secreto da vida, esse milagre já não existe, esperando apenas um olhar sensível para vê-lo florescer?