Escrito ao longo de cinco dias no hospital
O Limbo da Espera
Na cadeira que molda minha dor,
Conto os segundos entre batidas e suspiros,
Entre o medo do fim e a esperança,
Que pulsa fraca, mas constante,
Nesse limbo entre a vida e o que se espera.
Máquinas sussurram segredos que não entendo,
Como mãos invisíveis sustentam seu fôlego,
Aquele que outrora sustentava vidas,
Agora depende delas,
E eu dependo dele.
Cada boletim é um espelho trincado,
Refletindo versões distorcidas do amanhã,
Esperanças que nascem para morrer,
E renascem no compasso de um batimento,
Que insiste em lutar contra o silêncio.
As horas se alongam, infinitas,
No frio de uma sala que não acolhe,
Mas minha fé se agarra ao impossível,
Porque é tudo o que me resta,
Além do som ritmado das máquinas.
O sol lá fora ilumina um mundo que não vejo,
Aqui dentro, só há um desejo,
Que ele volte a ser inteiro,
Que o ciclo se quebre,
E que a vida reencontre seu curso.
==============================================================
Leia o texto que deu origem a esta poesia. Esperança entre Máquinas e Memórias