Eu dormia sob o céu, sem teto nem nome,
o frio da madrugada era meu cobertor,
o chão duro conhecia melhor meus segredos,
e a lua era a única que me ouvia chorar,
mas até do pó pode nascer uma canção.
As pessoas passavam e desviavam os olhares,
como se a miséria fosse doença contagiosa,
meu corpo era sombra esquecida na calçada,
e minha voz só encontrava resposta no vento,
mas dentro de mim a esperança não se calava.
Um dia acordei cansado de apenas sobreviver,
levantei-me do chão com as mãos ainda sujas,
e decidi que minha história não terminaria ali,
o mundo precisava ouvir a voz do invisível,
e meus passos começaram a traçar outro caminho.
Cada queda se tornou pedra para minha escada,
cada lágrima se transformou em força de recomeço,
aprendi que o chão pode ensinar resistência,
que até do nada pode surgir uma vida inteira,
e que a miséria nunca apaga a dignidade de um homem.
Hoje escrevo com orgulho palavras que nasceram do chão,
palavras que trazem a marca da superação,
palavras que carregam a luta de cada noite fria,
palavras que se erguem como árvores em terra seca,
palavras que vieram do chão para florescer no coração.
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