Deixei de ser poeta
quando parei de acreditar.
Do mundo perdi minha meta
e a beleza se esqueceu
de por onde caminhar.
Antes tudo me inspirava
uma flor, um olhar, o mar.
Hoje, mesmo quando almejava,
a emoção não me bastava,
e meu escrito ficou esquecido pra lá.
Vi as rimas escapando
pelas frestas da razão.
Os sonhos me deixaram,
e em mim, só foi ficando
o peso da negação.
Despi-me da esperança
de encantar com o que sinto.
Já não sou mais criança,
nem escuto a aliança
entre dor e labirinto.
O encantamento morreu
na ausência do sentir.
E o poeta que era eu
foi sem se despedir
nem deixou por onde ir.
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