Moldei meu verso como o oleiro faz,
com mãos suadas e silêncio atento.
Girei no torno as formas do momento,
palavra a palavra, sem pressa jamais.
Em cada sílaba deixei a paz
do gesto lento em barro e pensamento.
Sentir é fogo, molda por dentro
quem vive o verso e nele se faz.
Não sou de mármore, tampouco aço.
Sou barro, sou calor e paciência.
No que escrevo deixo meu espaço.
Talvez não veja ali tua aparência,
mas se leres com alma, no compasso,
encontrarás em mim tua presença.
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