Na última vez que tentei,
o verso tremeu na mão.
Era um grito que calei
ou talvez que neguei
por medo da exposição.
A caneta não dançava,
e o papel parecia
pedir que eu não forçava
mais um amor de fachada
nem fingisse poesia.
Havia um peso no peito,
e o mundo estava mudo.
Cada frase, um defeito.
Cada pausa, um sujeito
desgastado de tudo.
Foi ali que compreendi
que não era mais meu dom.
A beleza que vi
já não passava por mim,
nem por meu tom.
E então deixei de tentar,
fechei meus olhos sem pressa.
Não adiantava lutar
com o vazio a ditar
o fim da minha promessa.
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Escrita quando pensei não a ver mais esperança...