Minha inspiração partiu
sem dizer por onde foi.
O que restou é tão frio,
um vazio sutil
que em silêncio me destrói.
Andei por entre memórias,
revirei velhos cadernos.
Mas eram todas histórias
de antigas vitórias
em tempos mais ternos.
Hoje não há melodia
nos contornos da canção.
O verso virou agonia,
e a antiga harmonia
é só o som da ilusão.
A beleza se escondeu
nas frestas do esquecimento.
E o poeta que viveu
não percebeu que morreu
sem deixar testamento.
Só sei que estou ausente
de tudo que já senti.
Sou uma sombra decadente
de um poeta que, de repente,
preferiu fugir de si.
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