Imagem: Pinterest
O amor nos leva e prende sem aviso,
É liberdade com grilhões sutis.
Nos faz sorrir no meio do improviso
E chorar mesmo em dias mais gentis.
É cárcere que acolhe com ternura,
Nos acorrenta ao bem que nos seduz.
Faz da paixão a mais estranha cura,
E a própria dor se veste em forma de luz.
Não há cadeado nem há sentinela,
Só nós aceitamos o seu domínio.
Queremos fuga, mas algo nos sela.
E mesmo ao saber da dor que ele traz,
Escolhemos o risco, o descompasso,
Por crer que amar é sempre amar demais.
Ela não veste a noite para ser julgada.
Ela é a própria noite, com penas, cicatrizes e desejos.
Cada curva exposta é um grito ancestral por liberdade.
Cada decote é um templo que não pede oração, mas reverência.
Não é o corpo que fere, é o olhar que apodrece.
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Soneto A Sales
Pensamento abaixo da foto Shirley