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Na última folha, não pus teu nome,
Nem datas, nem fim, nem direção.
Só o silêncio de quem se consome
E ainda assim escolhe o perdão.
Escrevi com mãos que não tremiam,
E olhos que enfim sabiam fechar.
O que antes feriam, agora sabiam
Que amar também é deixar de amar.
Na margem, um rabisco: “eu voltei”,
Não a ti, mas a quem fui por dentro.
Desfolhei-me, página a página, e sei
Que o fim não é fim, é só outro começo.
Do teu retrato guardei só o riso,
Do nosso adeus, a lição de ficar.
E do amor que achei tão indeciso,
A certeza de não mais me largar.
Fechei o caderno, apaguei a luz,
E fui dormir, sem medo do que me conduz.
Ficar acordado pra quê? Se pesada é a cruz.
"Há vida é tão bela."