Corvo do Silêncio
"Onde o mundo grita, o Corvo do Silêncio escreve, e no som das palavras, a alma desperta."
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Textos

Capítulo Extra 33.2

Depois do Último Sopro

O que acontece quando o silêncio retorna ao mundo?

 

 

O tempo passou. Mas não como passa nos relógios.

 

Depois da convergência, a vila de Ellenshade não foi mais a mesma. Ao redor da colina onde duas lavandas solitárias cresciam firmes sobre o túmulo de Aurora e de Lázaro, o campo floresceu inteiro. As lavandas cobriram vales, ruínas, os escombros da batalha. Era como se a terra, ferida por séculos, estivesse agora chorando beleza ao invés de dor.

 

Mas... e os que ficaram?

 

O que fazem no atual momento?

 

Andressa

A Guardiã da Gládia

 

Ela nunca voltou a ser a mesma. Seu corpo permaneceu jovem, mas seu olhar... tinha séculos dentro dele. Vivia reclusa nos arredores de Ellenshade, no antigo casarão restaurado, onde um grupo seleto de jovens com marcas de nascimento em forma de asas vinham aprender a ouvir as vozes do tempo.

Nunca mais usou a espada. Ela repousava fincada na terra, aos pés do túmulo duplo, onde todos os anos, no dia da convergência, Andressa deitava flores douradas e observava o céu em silêncio.

 

Libra

A Guardiã do Equilíbrio

 

Libra desapareceu. Alguns dizem que ela foi vista no Himalaia, outros juram tê-la encontrado numa aldeia esquecida da Romênia. Mas todos concordam: ela se tornou lenda.

 

Dizia-se que surgia apenas quando os laços entre luz e trevas se desfaziam, para reatar o que os homens cortavam com ódio. Carregava sempre duas lâminas em forma de balança, e sua presença bastava para encerrar conflitos.

 

Virgem

A Invisível

Voltou às sombras.

Literalmente.

 

Passou a viver entre frestas, entre mundos, entre partículas. Era vista apenas por aqueles que estavam no limiar entre a vida e a morte. Dizem que aparece no último segundo dos que estão prestes a partir, tocando-lhes a testa e dizendo: “Ainda não é hora.”

 

Foi vista pela última vez ao lado de uma criança prestes a morrer num hospital em Nairóbi, que inexplicavelmente se curou na mesma noite.

 

Os Gêmeos

Unidos pelo Destino

 

Com suas auras restabelecidas, passaram a vagar pelo mundo.

 

Eles não pertenciam a lugar nenhum. Mas também pertenciam a todos. Eram convocados por sonhos, por sinais, por antigas inscrições em muros esquecidos. Carregavam em si o dom da duplicidade: eram sombra e luz, e agora sabiam que o despertar da Guardiã só fora possível por suas ações.

 

Falam que eles estão preparando a próxima geração. Aqueles que nascerão com as três marcas: olhos de prata, pele de fogo e sangue de silêncio. Talvez seja somente lendas contadas.

 

Matilde e Katia

As Últimas da Coruja

Feridas, sim. Quebradas, jamais.

 

Com a dissolução da Ordem da Coruja após a morte de Escorpião, ambas se retiraram para o interior da Galícia, onde reconstruíram uma pequena torre de pedra. Lá, com escritos antigos e lembranças vivas, criaram a Casa dos Sussurros, um santuário para os que ouviram demais e viram o que o mundo se recusa a enxergar.

 

Todos os anos, enviavam ao túmulo de Lázaro um pergaminho com a inscrição:

 

“Ainda sentimos sua presença nas sombras.”

 

Áries

O Fugitivo

Não morreu. Nem quis lutar mais.

 

Rendeu-se à própria insignificância após perder sua aura, mas a sombra que Capricórnio deixara dentro dele ainda o acompanhava. Desde então, vive nas margens do mundo, onde conflitos e caos ainda crescem. E onde há ruído, sua presença é sentida.

 

Virgem o vigia de longe. Ela sabe que o fim de Áries ainda não chegou.

 

Sagitário

O Despertar Tardio

 

Tido como morto, foi visto anos depois numa floresta da Noruega, esculpindo flechas com runas de paz. Parecia outro homem.

 

Carregava nos olhos o arrependimento e, no ombro, uma pena da antiga Guardiã. Nunca falou sobre a batalha. Apenas esculpia. E quem olhava para ele com verdade no coração... aprendia a mirar em alvos invisíveis.

 

A Espada da Convergência

Ela permanece cravada no coração da colina.

 

Ninguém mais tentou empunhá-la. Não porque não quisessem. Mas porque não podiam.

 

Somente a Guardiã podia tocá-la. E agora... ela era uma só com a espada. Uma com a terra. Uma com a ordem que havia nascido.

 

Ela havia se transformado. Tinha Leão, Escorpião lhe guiando do cosmo astral. Ela sentia todos os outros mesmo a distância. Matilde, Katia e Horácio por não terem auras astrais, ela apenas sentia saudade.

 

Ellenshade

A Vila Silenciosa

Renascida.

 

O tempo voltou a andar. As crianças voltaram a correr. E nas madrugadas, se escutava o som de asas, às vezes corujas, às vezes borboletas.

 

Aqueles que haviam visto a batalha jamais esqueceram. E embora o mundo tentasse sepultar os fatos como "ilusão coletiva", os campos de lavanda contavam outra história. Sempre contaram.

 

E agora... havia um novo símbolo cravado na rocha acima da colina.

 

Uma constelação. Três borboletas. E o rugido de um leão e no ao fundo, uma coruja de asas abertas.

 

“Última frase no pergaminho deixado pela Guardiã.

 

Não há fim quando o tempo é cíclico.

Não há morte quando o amor ancora a existência.

E não há silêncio…

…quando a memória canta nas asas do vento.”

 

Para aqueles que não acredita em lendas, Ellenshade está de portas abertas te esperando.

 

Continua...

 

Corvo do Silêncio
Enviado por Corvo do Silêncio em 13/07/2025
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