Corvo do Silêncio
"Onde o mundo grita, o Corvo do Silêncio escreve, e no som das palavras, a alma desperta."
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Textos

Capítulo 30

Os Onzes Últimos Minutos

Quando o tempo dobra e as sombras se movem rápido demais para os olhos humanos

 

 

“03:23”

 

As rádios regionais noticiavam com urgência o que as TVs exibiam em transmissões ao vivo: o céu sobre a colina de Ellenshade pulsava em cores impossíveis, enquanto nuvens giravam como redemoinhos celestes. O ar parecia vibrar. Pessoas saíam de suas casas, algumas com celulares em mãos, outras em silêncio absoluto, como se hipnotizadas. Uns diziam ser um milagre, outros, o juízo final. Carros formavam filas nas estradas estreitas que levavam à Ellenshade, e policiais locais tentavam, sem sucesso, conter a multidão, mesmo sem entender o que de fato estava acontecendo. Alguns agentes rezavam em voz baixa, outros gritavam ordens pelo rádio que ninguém mais obedecia.

 

“03:24”

 

Na colina, Capricórnio avançava com olhos febris e a relíquia envolta em névoa negra nas mãos. À sua frente, Katia e Matilde, ainda feridas da batalha com Touro, se colocavam firmes. O brilho que emanava de suas roupas evocava a simbologia viva da Coruja. Capricórnio ergueu a mão para desferir o golpe fatal, mas, no último instante, uma silhueta sombria surgiu como um raio: Escorpião. Seu corpo girou no ar e aterrissou entre as duas mulheres e Capricórnio.

 

— Tragam a Guardiã! Agora! Gritou Escorpião com autoridade feroz. — Eu o segurarei.

 

O duelo entre os dois começou de forma brutal. Capricórnio atacava com a força do desespero, e Escorpião respondia com a precisão de quem conhecia cada fraqueza do inimigo. Chamas etéreas e sombras serpenteavam ao redor dos dois. Capricórnio girou, acertando um chute em cheio no peito de Lázaro, que respondeu com um golpe cortante de sua adaga negra. Ambos se agarraram, e então o impacto final: um soco mútuo que resultou em uma explosão de energia. Uma onda de choque se espalhou, varrendo folhas, poeira e combatentes ao redor, e lançou os dois a metros de distância, caindo entre pedras e relva.

 

“03:26”

 

Sagitário, que estivera inconsciente desde o ataque fulminante de Virgem, recobrou a consciência. Ainda zonzo, cambaleou de pé. Áries, que se reagrupava depois de ser repelido por Escorpião, se aproximou rapidamente. Capricórnio, agora de pé, sujo de terra e sangue, os viu e gritou:

 

— Eliminem a Guardiã! Façam agora!

 

Sagitário ajustou suas flechas, olhos fixos em seu alvo. Áries, com seus punhos em chamas, rugia como um animal ancestral. Os dois partiram em disparada.

 

“03:27”

 

No lado oposto da colina, os membros da Ordem da Coruja se confrontavam diretamente com os homens-morcego. O campo de batalha se tornava um caos: sombras e luzes colidiam, estilhaços de magia cortavam o céu. Houve perdas. Dois membros da Coruja tombaram, mas levaram três homens-morcego com eles. Era uma vitória parcial, mas sofrida. A noite cheirava a suor, sangue e sacrifício.

 

Os Gêmeos, conscientes da aproximação do fim, sentiram que havia chegado o momento. A mulher de Gêmeos se aproximou da Guardiã.

 

— Tudo é uma questão de sentimento, disse ela, segurando as mãos de Andressa com firmeza. Seu poder está aqui... — (...)

 

Mas antes que pudesse completar a frase, Áries surgiu como um raio. Com um grito, acertou o irmão com um golpe violento, lançando-o longe.

 

— Agora, Sagitário! Eles separados não são fortes o bastante! Bradou Áries.

 

Sagitário não hesitou. Sacou uma flecha de luz branca e disparou com precisão impressionante. O projétil acertou a mulher de Gêmeos no ombro, derrubando-a ao chão, inconsciente.

 

A Guardiã, atônita, caiu de joelhos entre os dois corpos, ainda sem saber como ativar o que lhe era ancestral.

 

“03:28”

 

Nas cidades vizinhas, o pânico aumentava. Em Ellenshade, alarmes de carros disparavam sozinhos. As luzes piscavam nas casas. Pessoas em pânico ligavam para os bombeiros, para a polícia, para emissoras de rádio. Alguns subiam nos telhados buscando respostas. Outros se ajoelhavam em meio às ruas escuras.

 

Um homem chorava abraçado à esposa.

 

— Isso é castigo... ou milagre. Ou os dois.

 

Na televisão, as emissoras perdiam o sinal uma após outra. Só restava a imagem congelada da colina com a legenda: “Fenômeno inexplicável na colina de Ellenshade e Governo ainda sem resposta”.

 

E no céu, o centro da convergência brilhava como o olho de um deus ancestral prestes a abrir-se por completo.

Continua...

 

Corvo do Silêncio
Enviado por Corvo do Silêncio em 12/07/2025
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