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Disseram-me um dia que tudo termina,
que a flor despetala, que a chama declina.
Mas vi no silêncio o brotar do começo,
no que parecia vazio, um recomeço.
O rio que corre não volta ao lugar,
mas leva consigo o que veio deixar.
Cada gota, ao mar, se desfaz no sem-fim,
mas será nuvem, será chuva, será jardim.
A noite não morre, apenas repousa,
cedendo à alvorada, suave e formosa.
O tempo não para, apenas se dobra
em ciclos e voltas que a alma recobra.
O adeus mais sincero carrega sementes
de tudo o que fomos, de tudo o que sentes.
Porque o que finda, no fundo, é mudança:
é dor que se curva, é vida que dança.
Não há linha reta que leve ao abismo,
há curvas e laços no próprio destino.
E se tudo se vai, também tudo retorna,
em outras palavras, em nova persona.
Assim, entendi: o fim é mentira,
um nome que damos àquilo que gira.
Não há ponto final na essência do ser,
há apenas o verbo eterno: viver.