Cartas Queimadas
Escrevi-te quando doía fundo,
Quando teu nome era minha prisão.
As letras ardiam em cada segundo,
Teu silêncio pesava na mão.
Fiz de papel meu espelho partido,
De tinta, a lágrima que não caiu.
Queimei memórias em cada escrita,
Mas a cinza jamais se extinguiu.
Queimei cartas, sim, mas não verdades,
Cada frase era liberação.
As chamas dançavam como saudades
E a fumaça levava a ilusão.
Queimei teu rosto, tua ausência fria,
Queimei o futuro que não foi meu.
E no calor da última agonia,
Encontrei a mulher que renasceu.
Cartas queimadas não voltam atrás,
Mas a alma, em paz, nunca se desfaz.
O mundo só evolui quando todas as mulheres são livres e respeitadas.