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Textos

No Laço do Amor e da Vaquejada

 

Num sertão de chão rachado e poeira,

Vivia um moço, alma tão verdadeira.

Sonhava ser vaqueiro de respeito,

Montado firme, no gado, no peito.

Com um berrante, rasgava o sertão,

Trazia coragem dentro do coração.

 

Chamava-se Pedro, menino sonhador,

Criado na luta, no lombo, na dor.

Seu cavalo, parceiro de jornada,

Era ligeiro, fera nas vaquejadas.

Na feira, dizia com muito ardor:

“Quero ser o melhor, sim senhor!”

 

E lá na fazenda do outro lado,

Morava o homem mais respeitado.

Dono de terras, gado, tradição,

De poucas palavras e opinião.

Chamavam-no Coronel Raimundo Soares,

Mandava no campo, nas festas e lares.

 

Tinha ele uma filha encantadora,

Beleza de moça sonhadora.

Chamava-se Rosa, flor do sertão,

Com olhos da cor do céu então.

Rejeitava todos com doce firmeza,

Esperava o amor com delicadeza.

 

Rosa era recatada, doce flor,

Mas trazia no peito um fervor.

Sonhava com alguém diferente,

Que fosse valente, puro e decente.

Seu pai dizia: “Homem há de chegar.”

Mas ela só sabia esperar.

 

Pedro, um dia, na feira chegou,

A boiada inteira ele derrubou.

Com precisão e com agilidade,

Fez o povo vibrar de felicidade.

Rosa, escondida, olhou seu trotar,

E o coração começou a galopar.

 

Foi num domingo de competição,

Que se cruzaram em rápida visão.

Pedro montado com firmeza no lombo,

E Rosa calada, olhando de assombro.

Na arena, brilhou como um trovão,

E ela sentiu nascer uma paixão.

 

Coronel, ao ver a cena se formar,

Fechou a cara, pensou em barrar.

Não queria vaqueiro com sua flor,

Mesmo que trouxesse honra e valor.

“Homem de terra pode até vencer,

Mas meu sangue não vai se perder.”

 

Pedro, sabendo da fama do velho,

Não recuou, nem perdeu o zelo.

Quis mostrar que o amor não assusta,

E que coragem também é justa.

Prometeu lutar sem desonrar,

Pra Rosa um futuro conquistar.

 

Rosa, então, desafiou seu destino,

Fez um poema em papel fino.

Entregou ao moço com emoção,

Pedia coragem, fé, decisão.

“Se tu me ama, não vá temer,

Mostre ao meu pai que vai vencer.”

 

O velho coronel soube da carta,

Rasgou o papel, sua raiva foi farta.

Chamou Pedro para uma conversa dura,

“Tu não terás minha rosa pura.

Prove que és homem, com mão e laço,

Na vaquejada, sem nenhum fracasso.”

 

O desafio era o mais esperado,

Na vila, o povo ficou animado.

Pedro treinava de sol a sol,

Na areia quente, sob o arrebol.

Sabia que aquele era o momento,

De provar amor e sentimento.

 

Chegou o dia da grande corrida,

Rosa rezava, aflita e comovida.

Pedro montou, firme e ligeiro,

Como todo bom e nobre vaqueiro.

Coronel assistia de canto fechado,

Com olhar duro, peito apertado.

 

A boiada correu, poeira subiu,

O coração de Rosa quase sumiu.

Pedro avançava com força e arte,

O povo gritava por toda parte.

Segurou no chifre, jogou no chão,

E arrancou aplausos da multidão.

 

Foi campeão com brilho e paixão,

E Rosa chorava de emoção.

Coronel calou, sem o que dizer,

Viu ali o amor acontecer.

“Homem que ama e vence com honra,

Tem meu respeito, leva a donzela.”

 

Rosa correu ao encontro do amado,

Com vestido branco, véu bordado.

Pedro sorriu, suado e contente,

Fez da moça um sonho presente.

Beijaram-se diante do povo inteiro,

No altar da vaquejada e do sertão verdadeiro.

 

Casaram-se sob céu estrelado,

Com sanfona, xote e gado ao lado.

Coronel brindou com cachaça boa,

Disse: “Esse vaqueiro já me entoa!”

E os sinos da capela tocaram,

Pois dois corações enfim se encontraram.

 

Rosa vestia flor e alegria,

Pedro sorria feito novo dia.

Construíram casa perto da fazenda,

Terra vermelha, sonho que não se emenda.

Plantaram vida, plantaram união,

Vivendo o amor do fundo do sertão.

 

O moço virou mestre da pista,

Tornou-se lenda, virou conquista.

Com Rosa ao lado, nunca faltou,

E todo tropeço ele superou.

Pois quando o amor firma alicerce,

Nem o tempo tem poder que impece.

 

Tiveram filhos, três vaqueirinhos,

Criados entre bois e caminhos.

Rosa ensinava a ter coração,

Pedro, coragem e direção.

E o velho Coronel, emocionado,

Dizia: “Nunca vi amor tão sagrado.”

 

Nas festas, dançavam juntos sorrindo,

Com o passado já se despedindo.

Pedro contava aos netos pequenos:

“O amor é dom dos mais serenos.”

E Rosa ria com doçura imensa,

Como quem vive de recompensa.

 

O tempo passou no velho sertão,

Mas o amor guardou sua canção.

Cada vaquejada lembrava os dois,

Amor que nem mesmo o tempo desfaz depois.

E toda vez que o berrante soava,

Rosa e Pedro o peito embalava.

 

Um dia, já velhinhos sentados,

Viram o sol nos morros alados.

Pedro olhou e disse baixinho:

“Foi teu amor que fez meu caminho.”

Rosa sorriu, pegou sua mão,

E juntos fecharam o coração.

 

O povo do sertão nunca esqueceu,

Do vaqueiro que tanto venceu.

Nem da moça que amou sem medo,

E fez do amor seu maior enredo.

As crianças hoje ainda escutam,

As histórias que os velhos sussurram.

 

Na praça da vila tem um mural,

Mostrando o casal no tempo ideal.

Pedro de chapéu, Rosa de flor,

Olhando os campos com todo ardor.

E ali se lê: “Amor verdadeiro,

Nasceu no peito de um vaqueiro.”

 

Os ventos que cruzam o sertão,

Carregam o eco de uma paixão.

De Rosa e Pedro, lenda e memória,

Vivem pra sempre em nossa história.

Pois quem ama sem pressa ou rancor,

Deixa no mundo sementes de amor.

 

Entre cercas, bois e poeira,

Brotou romance feito fogueira.

Queimou forte, com chama serena,

Fez da vaquejada, linda cena.

E até os anjos no céu sorriram,

Quando os dois enfim se uniram.

 

Quem passa pela estrada poeirenta,

Vê a capela pequena, singela e lenta.

Ali se casaram Pedro e Rosa,

Com bênção de Deus, vida formosa.

E o povo diz com devoção,

“Ali nasceu o mais puro coração.”

 

No laço, no gado, na direção,

Pedro guiava com precisão.

Rosa cuidava da alma da casa,

Com sua doçura que tudo abraça.

E juntos ensinaram sem precisar falar,

Que o amor é arte de plantar.

 

Hoje, se ouvir um berrante tocar,

Pense que é Pedro a cavalgar.

E se sentir o vento cheirar flor,

Talvez seja Rosa, com seu amor.

Pois no sertão que o sol incendeia,

Nasceu o amor que jamais fenece na areia.

 

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Minha homenagem a todos os vaqueiros desse Brasil

 

 

A Sales
Enviado por A Sales em 19/06/2025
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