Ficou a xícara, o bilhete e o véu,
Ficou a voz que a chuva não levou.
Ficou Paris, com gosto de papel,
E a sombra dele em tudo que tocou.
Ficou a dor disfarçada em rotina,
Ficou o riso em moldura esquecida.
Ficou a alma entre portas que rangem,
Ficou a espera vestida de vida.
Ficou o som de passos no mosaico,
Ficou o café sempre morno e só.
Ficou a carta sem resposta escrita,
Ficou a coragem vestida de pó.
Ficou a rua onde os olhos buscavam
Um rosto em vultos, em folhas, em vão.
Ficou o amor, mas não mais o medo
Ficou Helena, enfim, em sua mão.
Ficou a flor onde ele se despediu,
Mas foi nela que a alma se abriu.