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Textos

Este conto é inspirado num vídeo que uma amiga e técnica

em enfermagem me enviou quando

meu pai ainda lutava pela vida no leito 522-1 Bloco E.

Ela foi uma das poucas capacitada que eu

agradeço os cuidados que teve com meu pai.

Palavras não podem descrever o quanto

lhe sou grato por ser esta profissional

e uma mulher que inspira respeito.

Desejo te muito sucesso em sua jornada. Elessania. 

 

Aventuras de Elessania

A Partida e o Presságio

 

 

 O sol da tarde tingia o céu com imagens de laranja e dourado quando Elessania fechou a porta de casa. Inspirou fundo, sentindo o ar morno e levemente adocicado que dançava com o aroma das flores no pequeno jardim ao lado da varanda. Havia algo diferente naquele dia, uma sensação que ela não conseguia nomear. Uma brisa suave fez suas madeixas negras balançarem, como se o vento tentasse sussurrar-lhe um segredo.

 

 Desceu os degraus da casa e olhou ao redor. A cidade seguia sua rotina: crianças brincavam na praça, idosos conversavam em bancos de madeira, e os comerciantes arrumavam suas vitrines para atrair os últimos clientes do dia. No outro lado da praça, a igreja Assembleia refletia a luz do sol em seus janelas de vidros claros, projetando sombras dançantes sobre o chão de pedras.

 

 Ao atravessar a rua em direção ao ponto das vans, notou um cão parado na esquina. Ele a observava fixamente, sua cauda imóvel. Elessania sentiu um arrepio leve, mas sorriu e continuou seu caminho. Talvez fosse apenas coincidência, mas algo na expressão daquele animal parecia lhe dizer para prestar atenção.

 

  Ao chegar ao ponto, encostou-se no poste e puxou o celular para ver as horas. A van deveria chegar em três minutos. No reflexo da tela, viu um homem de terno cinza parado ao seu lado. Ele segurava um jornal dobrado e tamborilava os dedos na perna, como se estivesse impaciente. Sentiu uma estranha inquietação, mas antes que pudesse refletir sobre isso, a van apareceu ao longe, seu ronco ecoando pela avenida.

 

 Assim que subiu, escolheu um assento na janela, como sempre fazia. Gostava de observar o mundo passar lá fora, de ver a transformação das ruas em campos abertos, de acompanhar o sol descendo devagar no horizonte. O vidro estava frio sob seus dedos quando encostou a mão para se apoiar.

 

 A van se moveu, e logo a cidade ficou para trás. O portão de boas-vindas, que sempre parecia tão imponente na chegada, agora era apenas uma estrutura distante que se desvanecia conforme ela seguia sua jornada. Algo dentro dela se contraiu ligeiramente, uma sensação agridoce de despedida, mesmo sabendo que voltaria no final de uma jornada de trabalho.

 

 Sentindo a mente divagar, pegou o celular e abriu a câmera. Não sabia exatamente por que, mas queria registrar aquele momento. O primeiro clique capturou um pássaro voando sozinho contra o céu escarlate. Ele parecia pequeno e frágil, mas sua silhueta transmitia uma determinação silenciosa. O segundo clique foi de uma criança sentada na janela de um carro, sorrindo sem motivo aparente. Havia algo puro naquele sorriso, algo que despertava uma saudade que ela não sabia explicar.

 

 Continuou fotografando. Um campo verdejante com sombras alongadas, a neblina sutil que pairava sobre os montes ao longe como um véu místico, uma fila de bois pastando pacificamente à beira da estrada. Cada imagem parecia contar uma história, e ela se pegou tentando decifrar os significados ocultos em cada cena.

 

 Os minutos se arrastavam e, aos poucos, Elessania relaxou no assento. O balanço do ônibus era quase hipnótico, embalando seus pensamentos em uma melodia silenciosa. Sentiu-se pequena diante da imensidão da paisagem, como se fizesse parte de algo maior.

 

 Um homem sentado alguns assentos adiante lia um livro de capa desgastada. Ela tentou ler o título, mas a luz fraca do final da tarde tornava as letras indistintas. Perguntou-se que histórias ele estaria descobrindo e se algum dia as palavras daquele livro cruzariam seu caminho.

 

 Do lado de fora, um pequeno lago refletia o céu tingido de dourado. As águas tremeluziam conforme a brisa passava, criando ondas sutis que pareciam soar algo profundo dentro dela. Suspirou. Era estranho como certas paisagens podiam despertar emoções tão complexas.

 

 Uma leve batida no vidro ao lado chamou sua atenção. Uma borboleta pousara ali, suas asas tremulando suavemente antes de alçar voo mais uma vez. Sorriu, interpretando aquilo como mais um pequeno sinal da vida.

 

 Quando voltou os olhos para frente, notou que o homem de terno cinza também estava no ônibus, sentado no fundo. Ele olhava fixamente para fora, parecendo alheio ao mundo ao redor. Havia algo nele que a fazia querer saber sua história. Quem era? Para onde ia?

 

 De repente, um arrepio percorreu sua espinha. Uma sensação inexplicável, como se estivesse no limiar de algo grandioso. Sentiu o coração acelerar, sem motivo aparente. Seria apenas sua imaginação ou o universo estava tentando lhe dizer algo?

 

 Olhou novamente pela janela. O mundo continuava lá fora, imenso e misterioso, pronto para revelar seus segredos. Elessania não sabia o que a esperava no destino, mas tinha certeza de uma coisa: aquela jornada seria diferente de todas as outras.

 

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Para uma

Amiga

 

 

A Sales
Enviado por A Sales em 05/06/2025
Alterado em 08/06/2025
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