Já tentei calar o peito e fui vencido,
Pois amar demais cobra um alto preço,
Me entreguei sem pausa e sem tropeço,
Mas viver só de espera é um castigo.
Ela vinha e partia sem abrigo,
Me deixava o silêncio como agrado,
Hoje entendo: fui plano descartado
No teatro cruel de um mal-me-quer.
Sigo só, com o peito que inda quer
"Minha dura vivência de amar e não ser amado."
Meus amigos diziam: “isso é loucura”,
Mas quem ama não ouve, só insiste.
E por mais que o desprezo me resiste,
Minha fé nesse amor é tão madura.
A esperança virou minha tortura,
Pois sonhar sem retorno é pesado.
De um futuro a dois, fui condenado
A viver de lembrança que não vem.
E no fim, só quem sente mesmo é quem
"Minha dura vivência de amar e não ser amado."
Hoje aprendo a dormir sem tua voz,
Mas o travesseiro ainda tem seu cheiro.
E meu peito, de tonto e verdadeiro,
Chora alto sem medo de algoz.
Fui um verso que nunca teve nós,
Fui vontade em alguém desprezado,
Mas não culpo quem nunca me enxergado,
Só me resta aceitar e caminhar.
É só quem ama em vão que pode explicar
"Minha dura vivência de amar e não ser amado."