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O Acordo da Menina com os Morcegos da Mangueira

 

Na mangueira bem frondosa,

Com galhos a se entrelaçar,

Viviam dois morceguinhos

Que gostavam de assustar,

Mas só quando a noite vinha no ar.

 

Dormiam o dia inteirinho,

De cabeça pra baixo e em paz,

Cobertos pela folhagem,

Bem longe de olhar voraz,

Fugindo do sol que nunca os satisfaz.

 

À noite, saíam ligeiros,

Batendo as asas no escuro,

Rodavam pelas janelas,

Com um voo meio inseguro,

Causando arrepio até no mais duro.

 

Gostavam de dar uns sustos,

Era seu jeito de brincar,

As pessoas saíam gritando,

Achando que iam picar,

Mas só queriam mesmo era voar.

 

Porém, uma coisa curiosa

Aconteceu certa vez:

Uma menininha valente

Com seus olhos de altivez,

Não temia morcego, nem por cortês.

 

Ela subia na mangueira

Com vestido e trança no pé,

E ficava bem pertinho

Do casal sem gritar: “mé!”

Achava engraçado o tal bicho até.

 

"Vocês assustam demais",

Ela disse num certo dia,

"Não precisam disso, não!

Assustar não é valentia,

Mas se quiserem, tenho uma parceria!"

 

Os morcegos prestaram atenção,

Nunca tinham ouvido tal tom,

A menininha tão pequena

Falava como um trovão,

Com um jeitinho firme e bom.

 

"Se vocês me prometerem

Que susto mais ninguém vão dar,

Eu deixo essa mangueira

Pra vocês sempre morar,

Ninguém vem tirar vocês de cá."

 

O morcego olhou pra fêmea,

A fêmea olhou pro chão,

Depois deram uma risada

Com sincera aprovação:

"Fechado, menina! De agora em diante, então!"

 

E assim se fez amizade

Entre asas e pés descalços,

Ela lia perto deles,

Eles voavam aos saltos,

Sem mais sustos, sem sobressaltos.

 

Passaram-se muitos meses,

E a paz ali reinava,

A mangueira era morada

De quem bem se respeitava,

E até a vizinhança se acalmava.

 

De noite, os morceguinhos

Saíam só pra caçar,

Comiam uns frutinhos doces,

Voltavam sem perturbar

A janela de ninguém a tremular.

 

A menina cresceu forte,

Mas nunca os abandonou,

Mesmo quando foi pra escola,

Nos fins de tarde voltou,

E pros morcegos, sempre acenou.

 

E quem passa ali na rua

Diz que há mágica na mangueira,

Pois mora ali uma história

Feita de amizade verdadeira,

Entre uma menina e a dupla voadeira.

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Esse cordel foi adaptado das histórias que contava pra minha filha, ela deixou de ter medo dos morcegos não sei se pela história ou por ela mesma.

 

A Sales
Enviado por A Sales em 28/05/2025
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