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Textos

Antes da Razão

 

Amor,

 

Escrevo-te não para cobrar, nem para convencer-te de algo. Escrevo porque meu peito transborda palavras que não sabem mais se calar. Às vezes, o silêncio pesa mais que a dor — e hoje, ele grita em mim.

 

Amei-te antes de saber se devia. Antes de pesar as consequências, antes de pensar em mim, antes da razão. Entreguei o que tenho de mais puro, como quem oferece um presente sem esperar devolução. Mas, ainda assim, esperei.

 

Esperei um gesto. Um olhar que dissesse: “fico”. Uma palavra que confirmasse que teu coração também se tocou. Mas o que recebi foi o vazio. O eco das minhas esperanças voltando sem resposta.

 

Tentei entender, tentei aceitar. Dizia a mim mesmo que amor não se implora. Que não se exige reciprocidade de um coração que não pulsa na mesma sintonia. Mas como se convence o peito a desistir, quando ele ainda te procura em cada ausência?

 

Não te culpo. Não se pode forçar o sentir. Mas me dói saber que você soube de tudo — que sentiu meu amor crescer e mesmo assim, calou. Preferiu deixar que eu me afogasse nas entrelinhas, ao invés de dizer com honestidade: “não é você.”

 

Por que não me disseste? Por que me deixaste criar jardins onde nunca houve terra fértil?

 

Sei que a vida há de me curar, um dia. Que a razão virá com o tempo, pedindo que eu siga. Mas hoje, hoje ainda sou todo emoção. E por isso escrevo. Para deixar registrado que te amei — com força, com entrega, com verdade.

 

Amei-te antes da razão. E talvez, por isso, tenha doído tanto.

 

Com tudo que restou de mim,

Seu Anjo, ao menos assim eu pensava. 

 

 

 

 

 

 

A Sales
Enviado por A Sales em 24/05/2025
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