Amor,
Escrevo-te não para cobrar, nem para convencer-te de algo. Escrevo porque meu peito transborda palavras que não sabem mais se calar. Às vezes, o silêncio pesa mais que a dor — e hoje, ele grita em mim.
Amei-te antes de saber se devia. Antes de pesar as consequências, antes de pensar em mim, antes da razão. Entreguei o que tenho de mais puro, como quem oferece um presente sem esperar devolução. Mas, ainda assim, esperei.
Esperei um gesto. Um olhar que dissesse: “fico”. Uma palavra que confirmasse que teu coração também se tocou. Mas o que recebi foi o vazio. O eco das minhas esperanças voltando sem resposta.
Tentei entender, tentei aceitar. Dizia a mim mesmo que amor não se implora. Que não se exige reciprocidade de um coração que não pulsa na mesma sintonia. Mas como se convence o peito a desistir, quando ele ainda te procura em cada ausência?
Não te culpo. Não se pode forçar o sentir. Mas me dói saber que você soube de tudo — que sentiu meu amor crescer e mesmo assim, calou. Preferiu deixar que eu me afogasse nas entrelinhas, ao invés de dizer com honestidade: “não é você.”
Por que não me disseste? Por que me deixaste criar jardins onde nunca houve terra fértil?
Sei que a vida há de me curar, um dia. Que a razão virá com o tempo, pedindo que eu siga. Mas hoje, hoje ainda sou todo emoção. E por isso escrevo. Para deixar registrado que te amei — com força, com entrega, com verdade.
Amei-te antes da razão. E talvez, por isso, tenha doído tanto.
Com tudo que restou de mim,
Seu Anjo, ao menos assim eu pensava.