O último poema nasceu
sem cor, sem forma, sem fim.
Era tudo que me restou
da alma que em mim doeu,
em pedaços de mim.
Tentei forjar emoção
com o sopro que restava.
Mas doeu-me a criação,
pois cada verso chorava
sem nenhuma direção.
As palavras não me ouviam.
Minhas mãos, tão tremulantes,
seguravam fantasias
que se tornavam distantes
das verdades que sentia.
Então calei minha voz,
aceitei a despedida.
A poesia foi atroz,
e no rastro da partida,
ficamos eu e o pós.
Desde então, sou só saudade
de quem cantava o mundo.
Fui perdendo identidade,
num silêncio tão profundo
que sepultou minha verdade.
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Para entender mais da onde sugiro este poema, leia a Carta de um Poeta em Silêncio na sessão Cartas.