Imagem: Pinterest
Não sei ao certo quando deixei de ser poeta.
Talvez tenha sido num desses dias comuns,
em que a xícara esfria sem companhia
e o mundo inteiro parece seguir sem me notar.
Ou talvez tenha sido aos poucos,
como a ferrugem que não avisa antes de corroer o ferro.
Escrevi minhas últimas poesias com a alma partida.
Não parti para lugar algum —
apenas permaneci,
mas sem raízes,
como uma árvore cansada de sustentar a própria sombra.
Por vezes, pensei que bastava a técnica,
que bastava rimar, contar sílabas,
brincar com as palavras como fazia antes...
Mas percebi que poesia não é ofício de mãos,
é um ofício da alma — e a minha, por um tempo, e por este tempo agora, adormeceu.
Se ainda escrevi esta poesia "Quando Deixei de Ser Poeta?",
é porque ainda busco a resposta.
Talvez a pergunta importe mais do que qualquer certeza.
Talvez todo poeta precise se perder de si,
para um dia se reencontrar com o verso mais verdadeiro.
E se voltarei a escrever, mesmo sem saber se ainda sou poeta,
é porque no fundo, o silêncio também pede tradução.
Esta página, e outras que poderão vir, não são, e não será uma despedida,
mas um eco — frágil e honesto —
de alguém que, mesmo em ruínas, ainda acredita
que há beleza no vazio.
— Eu, o Poeta (ou o que de me restou)
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Nobres amigos poetas e poetisas, esta poesia conta parte do que senti quando perdi minha mãe a sete anos atrais, escrevi em meio a dor num caderno que sempre tenho próximo para não perde o momento de inspiração. Há cinco anos foi escrita, como tantas outras, mais nunca postei, a falta de fé e o não querer viver, me fazia fazer a me mesmo estas perguntas: Porque ainda escrevo? Talvez no fundo eu tivesse a resposta, o que não queria e temia era a certeza do por que ainda escrevia.
Trarei aqui algumas dessas poesias que é uma reflexão de mim mesmo e num âmbito maior a poetas mundo a fora que em algum momento se fez esta pergunta:
Quando deixei de ser poeta?