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Cançoes & Poesias
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Textos

Imagem: Google

 

Carta a Quem Romantiza Correntes Invisíveis

Leia esta Homenagem do Poeta Ivan Santos Professor

 

 

Hoje escrevo com o peso doce da memória e a leveza amarga da consciência.

Escrevo para quem talvez nunca precisou sussurrar seus pensamentos com medo de ser ouvido —

mas que precisa entender o que é viver quando até o silêncio é vigiado.

 

Houve um tempo em que pensar alto era crime,

e cantar podia custar a liberdade.

Um tempo onde artistas como Belchior esculpiam resistência nas entrelinhas,

e onde versos viravam abrigo para verdades sufocadas.

 

“Como Nossos Pais” não foi só uma canção.

Foi um espelho lançado diante de uma geração cansada,

que, mesmo desejando a mudança, repetia passos já marcados no concreto da repressão.

Queríamos ser novos, mas já éramos o eco do medo antigo.

 

E agora, o que vemos?

Vozes jovens pedindo a volta daquilo que matou juventudes.

Gritos por ordem, quando o que faltou foi justiça.

Saudades de um silêncio que custou caro demais.

 

Não há poesia na censura.

Não há romance na ausência de escolhas.

Não há honra em reviver o que fez o país sangrar calado.

 

Por isso, escrevo.

Para lembrar que liberdade não é luxo,

é cicatriz aberta que exige vigilância constante.

E que toda vez que esquecemos onde doeu,

arriscamos sangrar de novo no mesmo lugar.

 

Que tenhamos coragem de ser o novo,

sem repetir os erros de quem acreditou que obedecer era o mesmo que viver.

 

Com alma inquieta e palavra livre,

Raimundo F. Sales

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Assim como a música de Belchior, a carta também continuara tão atual como quando foi escrita no ano de 88, dois anos depois, meu avô faleceu. Nunca descobrimos a quem ele endereçava a carta. _ Eu mesmo entregarei nas mãos deles. Ele dizia.

A Sales e Raimundo Ferreira Sales (Meu Avô)
Enviado por A Sales em 08/04/2025
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