Mote:
Na ausência que tudo embala,
O amor se perde e não fala.
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Num tempo em que tudo era riso,
Criei jardins no teu olhar,
Mas o amor, que veio indeciso,
Não quis em mim mais morar.
Sobraram gestos no ar,
Verdades que viram fala,
Mas tua voz já não se instala,
Foge como vento e brisa,
E no peito a dor desliza —
Na ausência que tudo embala.
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Gritei teu nome no escuro,
Esperei resposta ao céu,
Mas só me veio o murmúrio
Do silêncio cruel e réu.
O amor vestiu outro véu,
Seguiu sem deixar migala,
E a lembrança me rascala,
Como faca em carne aberta,
Tua partida é tão certa
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O amor se perde e não fala.