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Capítulo 2

Um Encontro Sob o Sol Nascente

 

  As luzes do Minato Mirai 21 piscavam ritmicamente, refletindo-se nas águas calmas da baía como estrelas capturadas pela superfície líquida. Tânia estava sentada em um banco de madeira próximo à roda-gigante Cosmo Clock 21, uma das maiores do mundo, que girava lentamente, iluminando o céu com suas cores vibrantes. O ar da noite era fresco, carregado pelo aroma suave do mar e o murmúrio distante de risadas e conversas.

 

  Ela folheava o mapa que pegara no hotel, tentando entender a localização dos pontos turísticos. A confusão era evidente no franzir de sua testa e no modo como mordia o lábio inferior, um hábito que ela tinha quando estava concentrada. Foi nesse momento que uma voz masculina, calma e clara, a tirou de seus pensamentos.

 

  — Precisa de ajuda? — perguntou o homem, em um inglês quase perfeito, mas com um leve sotaque japonês.

 

  Tânia ergueu os olhos e viu um homem de estatura média, talvez 1,75m, com cabelos negros um pouco bagunçados, como se o vento tivesse sido seu estilista pessoal. Ele vestia uma camisa branca de linho aberta no colarinho, revelando um colar discreto, e uma jaqueta de couro desgastada que contrastava com a elegância sutil de sua aparência. Seus olhos, castanhos escuros e gentis, pareciam sorrir junto com os lábios.

 

  — Ah, sim... Sim, por favor! — respondeu ela, aliviada por ouvir alguém falar em uma língua que entendia. — Estou tentando entender este mapa, mas acho que está além das minhas habilidades.

O homem deu uma risada suave e sentou-se ao lado dela, mantendo uma distância respeitosa.

 

  — O sistema de mapas daqui pode ser confuso, mesmo para nós, japoneses. — Ele pegou o papel com cuidado. — A propósito, meu nome é Akira Nakamura.

 

  — Tânia. Prazer em conhecê-lo, Akira. — respondeu, oferecendo um sorriso caloroso.

 

  Enquanto ele analisava o mapa, Tânia teve um momento para observá-lo. Havia algo em sua presença que a fazia sentir-se à vontade, uma mistura de descontração e confiança. Ele apontou para algumas áreas no mapa, explicando com paciência.

 

  — Aqui é onde estamos, Minato Mirai 21. — Ele moveu o dedo pelo papel. — Este é o Red Brick Warehouse, um lugar ótimo para artesanato e comida local. E se você gosta de vistas, o Yokohama Landmark Tower tem um observatório incrível.

 

— Parece fascinante. — respondeu Tânia, seus olhos brilhando com entusiasmo. — Você parece conhecer bem a área.

 

  — Sou artista. Vivo aqui há anos e às vezes venho para este distrito buscar inspiração. — Akira sorriu, guardando o mapa. — E você? Turista?

 

  — Sim, é a primeira vez que venho ao Japão. Um sonho antigo. — A voz dela tremia levemente de emoção. — Estou aqui sozinha, tentando descobrir tudo isso por conta própria.

 

  — Parece desafiador, mas também admirável. — comentou Akira, inclinando ligeiramente a cabeça. — Se precisar de um guia, ficarei feliz em ajudar.

Tânia riu suavemente.

 

  — Você pode se arrepender de oferecer isso. Sou conhecida por fazer muitas perguntas.

 

  — Perguntar é bom. É assim que aprendemos. — respondeu ele com seriedade, mas com um brilho de humor nos olhos.

 

  A conversa fluiu naturalmente. Akira contou sobre seu trabalho com pintura e escultura, muitas vezes inspirados pelo contraste entre o tradicional e o moderno no Japão. Tânia, por sua vez, compartilhou histórias de sua vida no Brasil e de como havia economizado para realizar aquele sonho.

 

Enquanto a noite avançava, as luzes da cidade tornavam-se ainda mais vibrantes. Akira sugeriu um pequeno café próximo à baía, onde pediram bebidas quentes. O lugar era aconchegante, decorado com luminárias de papel e quadros minimalistas, refletindo a mistura de modernidade e tradição que Tânia tanto admirava no Japão.

 

  — Tânia, você tem coragem. Vir para cá sem conhecer ninguém, sem falar o idioma... Isso é admirável. — disse Akira, segurando sua xícara de chá verde com ambas as mãos.

 

  — Às vezes, coragem é só o nome que damos para o medo quando decidimos seguir em frente. — respondeu ela, sorrindo levemente.

 

  Akira ficou em silêncio por um momento, como se refletisse sobre suas palavras.

Naquela noite, enquanto caminhavam de volta ao hotel, Tânia percebeu que algo havia mudado. Não era apenas a descoberta de um lugar novo, mas o início de uma conexão inesperada. Akira não era apenas um guia; ele era uma ponte, alguém que tornaria aquele país menos estranho e muito mais acolhedor.

 

  O Japão começava a se revelar de maneira mais profunda e significativa, e Tânia sabia que este era apenas o começo de algo maior. Sob o sol nascente, novos capítulos de sua história estavam esperando para serem escritos.

 

CONTINUA...

 

A Sales
Enviado por A Sales em 10/01/2025
Alterado em 11/01/2025
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