Uma poesia escrita em versos livres
A sombra da mangueira abraça o dia,
seus frutos pendem como promessas,
e o chão úmido conta histórias antigas
que os pés descalços aprenderam a ouvir.
O córrego murmura segredos ao vento,
escorrendo entre pedras e sonhos,
enquanto o céu desfaz suas cores
num espetáculo que só o campo compreende.
O barracão, com suas paredes de barro,
guarda o cheiro de leite fresco e carvão,
suas telhas cantam ao toque da chuva,
melodia para almas que vivem de simplicidade.
Crianças riem como pássaros livres,
colhem mangas, escorrem esperança,
e sob o céu imenso, tão próximo da terra,
o mundo parece caber inteiro na tarde.
Aqui, o tempo não pesa; ele acaricia,
e o coração, ao invés de correr, respira.
Cada som, cada cheiro, cada toque,
é um poema que só os sentidos escrevem.