Num vilarejo do interior, Seu Jeca, o caipira mais sabido da região, resolveu casar. Depois de muita conversa fiada na venda e na beira do rio, ele anunciou que finalmente havia encontrado sua noiva perfeita: uma moça da cidade grande, com "estudo e elegância". A notícia causou um alvoroço! Afinal, ninguém imaginava que Jeca, com seu chapéu torto e botas cheias de barro, conseguiria conquistar uma dama tão refinada.
No dia do casamento, a noiva chegou de vestido branco, deslumbrante, mas claramente deslocada na simplicidade da roça. Já na cerimônia, o padre perguntou:
— Jeca, você aceita esta mulher como sua legítima esposa, prometendo amá-la e respeitá-la até que a morte os separe?
Jeca, coçando a cabeça, respondeu:
— Bom, padre, eu aceito, mas... será que ela aceita viver com uma vaca, dois porcos e umas galinhas no quintal?
A noiva, tentando ser educada, sorriu sem jeito e disse:
— Claro que sim! Eu amo a natureza.
Depois do "sim", todos foram pra festa na fazenda. Era comida caipira pra dar e vender: frango com quiabo, pão de queijo e um leitão assado que dava gosto. Enquanto a noiva tentava equilibrar-se de salto alto na terra, Jeca puxou uma sanfona e disse:
— Agora, sinhá, vamo dançar um baião pra firmá nosso casamento!
A noiva, acostumada com valsas e sapateado, gaguejou:
— Mas... eu não sei dançar baião!
Jeca, com um sorriso de orelha a orelha, deu sua resposta:
— Ah, minha fia, se não sabe dançar baião, vai aprendê hoje! Aqui na roça, o amor é simples, mas é arretado!
E puxou a noiva pra pista de terra batida. A coitada tropeçava mais que cachorro em tapete, mas o riso do Jeca e os aplausos dos convidados fizeram a cidade inteira ouvir que, naquele dia, o amor venceu até a diferença de passo.
Moral da história: Na vida, o que importa não é saber dançar, mas ter coragem de entrar na roda!