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Capítulo 1:

O Começo de Uma Tradição

 

  O cheiro de pinho fresco tomava conta da pequena sala iluminada por velas. Maria, com seus cabelos castanhos caindo em mechas desordenadas sobre os ombros, observava seu pai com os olhos brilhando de expectativa. Ele estava sentado no chão, ajeitando uma árvore de Natal improvisada feita com galhos secos e enfeitada com laços de tecido vermelho. O olhar cansado denunciava um longo dia de trabalho na carpintaria, mas o sorriso que exibia era quente e cheio de amor.

 

  — Papai, o Papai Noel vai mesmo saber que eu coloquei a meia aqui? — perguntou Maria, segurando uma meia vermelha com pequenos remendos costurados por sua mãe.

O homem olhou para a filha, enxugando o suor da testa com a manga da camisa. Seu rosto era marcado pelo tempo, mas os olhos tinham um brilho travesso. Ele se aproximou, ficando na altura dela, e segurou a pequena meia com cuidado.

 

  — Claro que vai, minha pequena. O Papai Noel sempre sabe onde procurar. Ele segue as estrelas no céu, e, quando chega perto, sente o cheiro do carinho e da esperança. É assim que ele encontra as crianças boas como você.

 

  Maria arregalou os olhos, fascinada com a explicação. Segurando a meia contra o peito, ela olhou para a janela coberta por cortinas simples e gastas, mas lavadas com cuidado.

— Então vou colocar aqui, bem na janela. Assim ele vai ver mais rápido, né, papai? — perguntou ela, com um sorriso tímido.

O pai riu, bagunçando os cabelos da menina.

— Isso mesmo, Maria. Coloque ali, e vamos torcer para que ele tenha algo especial para você.

 

  Ela correu até a janela e pendurou a meia no prego enferrujado que já estava ali. Ficou na ponta dos pés, ajustando cuidadosamente o pano remendado, enquanto seus olhos brilhavam com uma mistura de fé e curiosidade.

— Pronto! Agora é só esperar, né?

O pai assentiu e a pegou no colo, girando-a levemente até que risadas ecoassem pela sala.

— Agora é só esperar. Mas antes, precisamos fazer um pedido. Feche os olhos.

Maria fechou os olhos com força, unindo as pequenas mãos como quem rezava. O pai se inclinou perto dela, como se fosse um segredo.

 

  — Agora diga baixinho o que você mais quer neste Natal.

Ela ficou em silêncio por um momento, depois sussurrou:

— Quero um livro, papai. Um livro com muitas histórias bonitas.

O pai sentiu o coração apertar, pois sabia que nem mesmo isso poderia dar à filha naquele ano difícil. Respirando fundo, ele deu um beijo na testa dela e murmurou:

— Eu tenho certeza de que o Papai Noel ouviu seu pedido, minha pequena.

 

  Mais tarde, quando Maria foi dormir, enfiada em um cobertor gasto, mas ainda quente, ela não conseguia conter o sorriso. Do outro lado do quarto, o pai a observava em silêncio, sentado em uma cadeira de madeira. Ele segurava um pedaço de papel velho e um carvão, tentando desenhar algo que parecesse um livro.

 

  Enquanto a menina sonhava com a visita do Papai Noel, ele se perguntava se havia alguma forma de transformar aquele Natal em algo inesquecível.

(continua...)

A Sales
Enviado por A Sales em 25/12/2024
Alterado em 25/12/2024
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