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Manhã de Natal

 

A magia que renasceu em meio ao ceticismo

 

   Sofia acordou com os primeiros raios de sol daquela manhã especial. As cortinas finas deixavam entrar a luz dourada que tingia seu pequeno apartamento com tons de esperança. Lá fora, o som de crianças rindo e sinos distantes preenchiam o ar, misturados ao aroma inconfundível de pão fresco vindo da padaria na esquina.

  Ela não acreditava no Natal fazia anos. Para Sofia, os contos de Papai Noel e presentes eram fantasias criadas para encobrir a correria comercial que a data havia se tornado. Mas algo dentro dela mudara naquela madrugada silenciosa, quando o céu parecia mais estrelado que o habitual.

 

  Na noite anterior, enquanto passeava pela praça central para espairecer, Sofia testemunhou algo que a tocou. Um homem de cabelos grisalhos, envolto em um casaco surrado, partilhava sua refeição simples com um cachorro magro que tremia de frio. O sorriso no rosto dele, enquanto acariciava o animal, era mais genuíno do que qualquer coisa que ela havia visto nos últimos tempos. Havia algo ali, algo que nem dinheiro, nem sucesso poderiam comprar: a paz de compartilhar, a conexão do momento.

  Ao voltar para casa, levou consigo aquele instante. Refletiu sobre a essência do Natal, não como um feriado cheio de compras, mas como um chamado à humanidade para olhar além de si mesmo. Deitada na cama, abraçada a um cobertor, Sofia lembrou-se das histórias que sua avó contava quando era criança. Histórias que falavam de perdão, amor e recomeço.

 

  Naquela manhã de Natal, Sofia fez algo inusitado: colocou a chaleira para ferver, preparou uma bandeja com biscoitos e chocolate quente, e desceu as escadas com um propósito. Na rua, avistou uma mãe segurando o pequeno filho pela mão, ambos com roupas gastas, mas sorrisos amplos. Sofia se aproximou e os convidou a compartilhar sua bandeja improvisada. Eles aceitaram com gratidão, e por instantes, a mulher sentiu o calor do Natal encher o espaço entre eles.

  Era verdade que não havia um velhinho de barba branca entregando presentes. Não havia renas ou trenós mágicos no céu. Mas havia algo maior, invisível, que transformava pequenos gestos em grandes significados. A magia estava nas mãos que se estendiam, nos sorrisos compartilhados e na sensação de que, por um dia, o mundo poderia ser um lugar mais leve.

 

Sofia voltou para seu apartamento ao final da manhã, sentindo-se diferente. Pela primeira vez em anos, o Natal não era um dia qualquer. Não porque houvesse milagres extraordinários, mas porque ela havia reencontrado algo que achava perdido: a capacidade de acreditar, não em contos, mas nas pessoas.

 

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Feliz Natal a todos vocês.

A Sales
Enviado por A Sales em 25/12/2024
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