No sertão, nasceu uma grande confusão,
Zé do Sertão e Chico, na aflição,
Por Joana, a flor do coração,
Disputavam com fervor e emoção,
Cada um jurando sua devoção.
Zé era forte, de fala cantada,
Chico era astuto, voz encantada.
Joana, no serrado, bem admirada,
Cabelos dourados, face rosada,
Fez da paz uma terra arrasada.
"Joana é minha!", Zé declarou,
Com faca na cinta, ele ameaçou.
Chico, esperto, nem se abalou,
"Com coragem, isso aqui se resolveu!"
E o desafio entre os dois começou.
O Padre Clemente veio intervir,
Tentando os ânimos ali reduzir.
“Briga de faca, ninguém vai consentir,
Lutem com honra, sem ferir!”
Mas o sertão teimava em persistir.
A disputa tomou outro caminho,
Quem pegasse o Caipora sozinho,
Traria prova, algo bem esquisitinho,
E Joana seria do seu destino,
No jogo do amor e do desatino.
Zé entrou na mata com muita coragem,
Pediu bênção à cruz na paisagem.
Chico, por sua vez, fez oração,
Prometendo ao santo grande devoção,
Mas foi o medo que guiou a missão.
Na mata fechada, o Caipora espiava,
Com olhos brilhando, a sombra rondava.
Zé tropeçou, a armadilha falhou,
Chico viu de longe, mas recuou,
O bicho riu, ninguém o enganava.
“Homens tolos!”, Caipora gritou,
“A disputa de amor vos cegou!
A beleza de Joana encantou,
Mas coração dela ninguém escutou.
Voltem pra casa, que isso acabou!”
Joana, ouvindo a confusão declarada,
Disse ao padre, voz bem cansada:
"Meu coração já tem morada,
Nem Zé, nem Chico na empreitada,
Não sou troféu de jornada."
Os dois homens, agora envergonhados,
Largaram as armas, bem derrotados.
Chico riu, o Zé concordou:
“Que besteira o amor provocou,
Joana é livre, isso ela mostrou.”
O Padre abençoou a reconciliação,
Na vila voltava a tranquilidade, então.
Joana seguiu sua própria direção,
Zé e Chico aprenderam a lição,
No sertão, brilhou a libertação.
O Caipora, escondido, gargalhou,
Com sua astúcia, tudo controlou.
Dizem que na mata ele dançou,
E na lua cheia até comemorou,
A vitória da sabedoria que ensinou.
E assim a história chegou ao fim,
Amores e disputas, lições sem fim.
Joana, com sua força, foi o jardim,
Mostrou que liberdade é um hino enfim,
E a paz voltou ao sertão assim.
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Ao meu querido avó que contava suas histórias como um legitimo nordestino.