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O Enigma da Feiticeira do Oriente

 

  Os desertos de Zaaran eram vastos, cortados apenas por oásis esquecidos e ruínas cobertas pelo véu do tempo. Entre essas ruínas, havia uma lenda: a Feiticeira do Oriente, guardiã da Chama Infinita, uma relíquia de poder inestimável, capaz de moldar o destino de reis. A história dizia que quem ousasse enfrentar seus desafios nunca mais retornaria o mesmo. Alguns perdiam a alma. Outros… o coração.

 

  Tarian, um jovem aventureiro de espírito inquieto, atravessou as areias escaldantes com uma missão clara. Sua vila fora devastada por invasores, e ele acreditava que apenas a Chama Infinita poderia salvá-los. Com determinação, entrou nas ruínas esquecidas, as pedras desgastadas pelo tempo ecoando o som de seus passos.

 

 A brisa quente se tornou um sopro fresco e inusitado, carregado de um perfume adocicado e misterioso. Quando ele ergueu os olhos, lá estava ela.

 

Sarya vestida com tecidos translúcidos que flutuavam ao redor de sua pele bronzeada, como uma miragem viva. Seus olhos eram mais profundos que o próprio deserto, brilhando com um tom dourado que parecia capturar o pôr do sol. O sorriso em seus lábios era tanto um convite quanto um aviso.

 

— Você chegou longe, forasteiro. — Sua voz era um sussurro que parecia ecoar dentro da mente de Tarian. — Mas a relíquia que busca não se entrega tão facilmente.

 

— Vim para enfrentá-la, Feiticeira, se for necessário. — Ele manteve a voz firme, embora o coração batesse como tambores.

 

Ela riu suavemente, um som que parecia ser um feitiço por si só.

 

— Enfrentar-me? Não, jovem. Aqui, força física não importa. Aqui, tudo depende de como você lida com… desejo.

 

Com um movimento gracioso, ela estendeu a mão, e o espaço ao redor mudou. O que antes era pedra e ruína agora se tornou um salão adornado com cortinas de seda e luzes douradas dançando como estrelas. Tarian sentiu o ar se aquecer, a tensão crescer.

 

— Resista ao que sente, aventureiro, e a relíquia será sua. Mas, se ceder, será meu.

 

Ela se aproximou, cada passo parecendo desacelerar o tempo. Os olhos dele capturaram cada detalhe: a suavidade de sua pele, o perfume que envolvia o ar e o magnetismo impossível de ignorar.

 

— Você acha que tem escolha, mas tudo que realmente precisa fazer… é me entender, Tarian.

 

Ele não sabia como ela sabia seu nome, mas já não importava. Sarya o cercou com sua presença, os dedos pairando sobre a pele dele, sem nunca tocá-lo de verdade. Era uma tortura doce, um paradoxo entre atração e controle.

 

— Quem é você? — ele perguntou, sua voz carregada de desejo e confusão.

 

Ela sorriu, inclinando-se perto de seu ouvido.

 

— Sou um espelho, Tarian. O que você vê em mim… é o que deseja e teme em si mesmo.

 

A batalha não era física. Não era sequer mágica, no sentido convencional. Era um duelo de vontades, de controle emocional e entrega. Ele sentia o peso de cada escolha, de cada segundo em sua presença.

 

Quando finalmente conseguiu falar, ele disse:

 

— Não quero controlar você… ou a mim. Quero entender por que você guarda esse poder.

 

Sarya parou. Pela primeira vez, algo em seu olhar mudou.

 

— Porque o poder é um fardo que só pode ser carregado por quem não o deseja.

 

Ela estendeu a mão, e a Chama Infinita surgiu, brilhando entre eles.

 

— Você venceu, Tarian. Não porque resistiu, mas porque entendeu que o desejo não é inimigo. É uma parte de quem somos.

 

Ele tomou a relíquia em mãos, mas, quando olhou para Sarya novamente, ela havia desaparecido. Apenas o perfume adocicado permaneceu, e a certeza de que ele nunca mais seria o mesmo.

 

Tarian voltou à vila, mas em seu coração sabia: Sarya não era apenas a guardiã da Chama. Ela era o verdadeiro enigma, uma força que ele jamais esqueceria.

A Sales
Enviado por A Sales em 24/11/2024
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