A Calculista 9
Continuação do 8
François se aproximou, a mão trêmula tocando o pergaminho. Ele olhou para Celine, os olhos marejados de gratidão.
— Isso nos salvará, mademoiselle Celine.
Celine assentiu, entregando os papéis a François.
— Vocês darão essa proposta ao Lorde, e tudo será resolvido. Ele não terá outra escolha a não ser aceitar. — Com um último olhar firme, ela completou: — Esta é uma solução justa e viável. E tudo conforme as leis do reino.
Com isso, os aldeões, agora mais tranquilos e esperançosos, começaram a murmurar entre si, discutindo como proceder. Celine, com a sensação de dever cumprido, permaneceu observando, enquanto a proposta, cuidadosamente elaborada, seria entregue ao Lorde.
O Disfarce de Lorde Etienne
Uma Jornada de Estratégia e Controle em Verdant
O pequeno e escasso rio corria tranquilo ao lado da estrada, sua água cristalina refletindo as sombras das árvores que o margeavam. A estrada, serpenteando entre colinas suaves, revelava as belezas do lugar: campos verdes, algumas casas de madeira ao longe, e o céu que começava a formar um tom dourado com o avançar da tarde. Cinco cavaleiros, disfarçados de simples negociantes de ervas, seguiam em direção à aldeia de Verdant. Suas roupas, de tecidos humildes, ocultavam a verdade sobre quem eram, mas era o líder, à frente do grupo, que tinha em mente algo além de simples negociações.
Para Lorde Etienne de Clairmont, o disfarce era uma estratégia necessária. Enquanto os outros cavaleiros mantinham o foco na estrada, ele refletia sobre o que estava prestes a acontecer. Não era um dia comum. Em seu íntimo, era um dia de decisões, de soluções que trariam o controle de volta para suas mãos. Ele tinha certeza de que os camponeses, pressionados pela situação, aceitariam sua proposta. Era simples matemática, lógica irrefutável — e ele conhecia a força de um bom plano.
Sua mente, entretanto, divagava para além da negociação. Ele se incomodava com os boatos da mulher que vinha ganhando fama como calculista. "Celine...", ele murmurou para si mesmo. Seu nome já era um incômodo persistente, não apenas em conversas, mas também em seus pensamentos e até em seus sonhos. Ele sabia que encontrá-la era inevitável. A ideia o deixava em uma mistura de irritação e excitação. Afinal, se ela realmente era tão astuta quanto diziam, poderia ser um desafio à altura de sua própria genialidade.
O cavalo de Etienne mantinha um galope curto, enquanto ele pensava nas mil possibilidades que esse encontro poderia lhe trazer. Não era apenas a aldeia ou o campo de cevada que o movia; era sua ambição crescente de estar ao lado do rei. "Se eu resolver isso de forma impecável", pensou ele, "posso ser mais do que um simples lorde... posso me tornar o conselheiro do rei."
Cada detalhe do plano, cada movimento calculado, o levava a crer que o desfecho lhe seria favorável. A manipulação dos camponeses, a negociação aparentemente justa — tudo estava alinhado. Agora, tudo o que restava era executar.
Ao longe, o som da água fluindo aumentou, e Etienne ergueu a cabeça. O pequeno rio que acompanhava a estrada se alargava em uma curva, e ele sinalizou para os cavaleiros. Eles pararam ao lado da margem, permitindo que seus cavalos bebessem a água fresca.
Enquanto os animais saciavam sua sede, Etienne, em silêncio, olhou para o horizonte. O que o aguardava em Verdant não era apenas uma disputa por terras, mas a chance de garantir seu futuro no reino. "Logo...", ele pensou, "logo terei tudo nas minhas mãos."
E assim, com os cavalos ainda bebendo, o grupo de cavaleiros aguardava, sem pressa, o momento de seguir adiante, rumo ao desenrolar de seus destinos.
Continua no 10