A Calculista 8
Continuação do 7
Celine, sentando-se novamente, olhou para os camponeses reunidos, suas expressões refletindo uma mistura de esperança e incerteza. A jovem camponesa, que havia se aproximado para ouvir mais de perto, observava Celine com admiração.
— A proposta que apresentaram ao Lorde — começou Celine com uma voz clara e confiante — precisa ser justa para ambas as partes, assegurando a sobrevivência da comunidade e respeitando os direitos do nobre. Vou explicar isso em detalhes.
Celine olhou ao redor, os aldeões reunidos à sua frente aguardavam ansiosamente. O ancião, François, de olhar atento, e a jovem camponesa, com os olhos brilhando de esperança, estavam entre os mais próximos. Celine sabia que a solução que estava prestes a apresentar não apenas determinaria o destino da aldeia, mas também seu papel diante da aristocracia. Ela respirou fundo e começou a falar.
— O que proponho é uma troca justa, baseada em cálculos precisos e na viabilidade de ambos os lados. — Sua voz estava firme, refletindo a confiança que tinha em sua análise. Ela segurava os papéis que continham os detalhes da nova proposta.
Os aldeões sussurraram entre si. Celine fez uma pausa para que eles se preparassem para ouvir os detalhes. Então, ela prosseguiu:
— Vamos primeiro entender o que o Lorde deseja. Ele quer que vocês enviem cinco cestos de frutas por semana, durante três invernos. Isso equivale a 780 cestos no total. — Ela fez uma pausa, deixando o impacto desse número cair sobre os aldeões, que começaram a franzir as testas, alguns murmurando preocupados.
— Sim, isso é uma exigência pesada, especialmente quando consideramos que ele não ofereceu nada em troca além da terra ao sul e não permitiu o uso do terço de terra entre as duas propriedades. — Celine olhou diretamente para François, que acenou com a cabeça, concordando com sua análise.
A jovem camponesa, Jeanne, aproximou-se mais e perguntou com uma voz trêmula, mas curiosa:
— Mas o que podemos fazer, mademoiselle Celine? Ele é o Lorde, e nós... somos apenas camponeses.
Celine sorriu, um sorriso que transmitia mais que compreensão; era um sorriso de quem já havia encontrado a solução. Ela apontou para os papéis em suas mãos e disse:
— A nova proposta que fiz resolve isso de forma justa e sustentável. Ouçam com atenção.
Detalhes da Nova Proposta:
Ela desenrolou os papéis e começou a explicar.
— O Lorde tem os recursos, e nós temos a produção. Proponho que, em vez de cinco cestos de frutas por semana, vocês enviem 5 cestos de frutas por mês, ao longo de cinco anos. Isso resulta em 300 cestos de frutas ao longo do tempo. — Ela fez uma pausa, deixando os aldeões absorverem a redução drástica na exigência.
— Mas como equilibrar isso com o valor que ele espera? — questionou François, com um tom de dúvida.
Celine ergueu a mão, indicando que havia mais:
— O restante será complementado com pães, que podem ser produzidos com mais facilidade e em menor custo para vocês. Enviaremos 5 cestos de pão por mês durante esses mesmos cinco anos, resultando em mais 300 cestos. Somando tudo, teremos 600 cestos, distribuídos em cinco anos, uma carga mais leve e viável para a aldeia.
Os murmúrios entre os aldeões cessaram, e agora eles estavam atentos, interessados.
— E o terreno em disputa? — perguntou um dos agricultores, cruzando os braços. — O Lorde disse que não teríamos direito ao terço de terra.
— Ah, sim, o terreno — Celine assentiu. — Esse será nosso ponto de negociação. O terço de terra entre as propriedades será utilizado por vocês. Com ele, poderão aumentar a produção e garantir que todas as condições sejam cumpridas sem sacrificar o sustento de suas famílias.
Ela parou, observando a reação dos aldeões. Jeanne, com os olhos arregalados, disse com voz suave:
— Isso... parece bom demais para ser verdade.
Celine sorriu de novo, desta vez com uma leve dose de autossatisfação.
— Não apenas é verdade, mas está amparado pelas leis do reino. — Ela ergueu um pergaminho enrolado que trazia consigo, selado com o brasão real. — Aqui estão os termos, todos dentro dos direitos de propriedade, garantindo que o Lorde não possa contestar nossa proposta. Vocês terão a terra, e o envio de cestos será justo.
Continua no 9