Nobres poetas e poetisas e simpatizantes aqui do Recanto. O conto O Quarto Escuro tem cinco capítulos e uma parte final que você pode acompanhar na ordem clicando nos títulos abaixo.
Uma excelente leituras a todos e um grande abraço.
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"O Grito no Vazio: Uma Alma Perdida nas Sombras do Esquecimento"
O Quarto Escuro 2
"À Beira do Silêncio: O Desespero que se Oculta na Escuridão"
O Quarto Escuro 3 - Breve
"Entre a Vida e a Morte: A Batalha Invisível por Sobreviver nas Sombras do Inconsciente"
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O Quarto Escuro 2
"À Beira do Silêncio: O Desespero que se Oculta na Escuridão"
Oi... Tem alguém aí... Pode me ouvi...
Nada responde. O vazio, agora mais denso, engole suas palavras antes que ecoem. Ela permanece em pé, os joelhos tremendo, o peito arfando com a ansiedade crescente. O silêncio, tão sólido quanto as paredes invisíveis, torna-se quase insuportável. O medo já não tem forma, ele se espalha, toma tudo, preenche cada respiração, cada pensamento.
Ela se move, hesitante. Os pés descalços roçam o chão frio, buscando sentido naquele espaço sem contorno. As mãos estendem-se à frente, na esperança de encontrar algo, qualquer coisa. Um toque. Uma parede. Uma porta. Mas a escuridão continua impenetrável, e cada passo parece mais incerto, como se ela estivesse caminhando em círculos, presa em um labirinto invisível.
O feixe de luz, antes presente, parece mais distante agora, quase um devaneio. Ela para, sente o coração pulsando na garganta, e a respiração se acelera. Tenta lembrar de algo, de um rosto, de uma voz familiar, mas sua mente se recusa a cooperar. É como se todas as suas lembranças tivessem sido apagadas, deixando apenas esse momento — eterno, paralisado.
O som de sua própria voz ecoa na memória, mas parece tão distante quanto a luz. "Oi..." ela tenta novamente, mas agora o som sai quebrado, como se sua garganta estivesse se fechando. Ela já não sabe se está sussurrando ou gritando. Talvez, naquele vazio, a distinção não importe mais.
O chão frio sob seus pés começa a parecer estranho, quase movediço. Ela hesita em cada passo, como se algo estivesse se mexendo lá embaixo, algo invisível, mas presente, como se a escuridão estivesse viva. E então, um som. Pequeno, fraco, mas audível. Um arranhar, algo que se move. Ela para, congelada. O som cresce, parece vir de todos os lados, rastejando pela escuridão.
— Quem está aí? — pergunta, mas a voz sai fraca, quase um gemido. Sua pele se arrepia. O som se aproxima, e ela percebe que não está mais sozinha. Não são vozes, mas presenças. Algo, ou alguém, a observa. O pânico volta, avassalador, e seus pés tentam correr, mas para onde? Não há direção, não há saída. Apenas o vazio ao seu redor.
O chão começa a se deformar sob seus pés. Ela tropeça, cai de joelhos, as mãos arranhando o que antes parecia firme, mas agora se dissolve sob seu toque. O som continua, agora mais próximo, quase dentro dela. Ela tenta gritar, mas sua voz foi engolida pela escuridão, assim como a luz, assim como o tempo.
De repente, algo toca sua mão. Um toque frio, inesperado. Sua respiração para. O toque é leve, quase um sussurro, mas real. Ela puxa a mão de volta, aterrorizada, o coração batendo freneticamente. Olha ao redor, mas nada vê. O que quer que esteja com ela não se revela, apenas se aproxima, silencioso e imperceptível.
Então, uma risada. Fraca, distante, mas inconfundível. Uma risada que ecoa pelas paredes invisíveis, serpenteando pelo quarto, envolvendo-a em um abraço frio e sufocante. Ela não sabe de onde vem. Talvez de dentro dela mesma. Talvez da própria escuridão. Seus dedos tremem. Não há mais para onde fugir.
Ela fecha os olhos, como se isso pudesse protegê-la do que não pode ver. As lágrimas caem, silenciosas, enquanto a risada se apaga, deixando apenas o silêncio denso e sufocante. Mas ela sente. A presença ainda está ali. Observando. Esperando.
O frio aumenta, infiltrando-se em seus ossos, paralisando-a. O tempo perde sentido. Horas, minutos, dias, tudo se funde em uma única massa amorfa de medo e solidão. A fome, a sede, o cansaço — tudo se apaga, restando apenas o medo primal que consome sua mente.
A escuridão parece sussurrar seu nome, embora ela já não se lembre de quem é. As vozes que antes a ignoravam agora a cercam, mas não trazem conforto, apenas mais confusão. Ela tenta gritar mais uma vez, mas a voz se recusa a sair. Está completamente à mercê do desconhecido.
E então, algo muda. Não no quarto, mas dentro dela. Um estranho silêncio interior a domina. O pânico, o medo, tudo se dissolve em uma quietude profunda, quase insensível. Talvez, finalmente, ela tenha se tornado parte daquele vazio.
Uma lembrança em meio a silêncio repentino. A cadeira. Sua única companhia por quanto tempo ela faz ideia. Ela encontra a cadeira e senta olhando para seus pés agora descalço ela escuta ou pensa ter escutado...
Oi. Tem alguém ai? Pode me ouvi?
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Na sequência e muito breve contarei o como ela foi para no quarto escuro e quem é ela e os motivos envolvidos.