A Noite em Que o Gigante Caiu
Quando terminei de assistir pela oitava
Na noite fria de abril, cortava o mar,
O colosso de aço, promessa de glória,
Rugiam as máquinas, tudo ia a soar,
Até que o gelo riscou sua história,
E o gigante tremeu ao se esfacelar.
O casco partiu-se em estalos secos,
Corpos deslizaram, o caos no convés,
No escuro profundo, vozes em ecos,
Procuravam abrigo, seguravam a fé,
Mas o oceano gelado cobrava seus preço.
Os botes, poucos, lotados demais,
Quem ficava, aguardava a sentença,
Pela ordem, os ricos partiam em paz,
Enquanto a água subia sem clemência,
E o desespero tomava os mortais.
O som da orquestra se fundiu ao vento,
Violinos choravam em notas finais,
Afundava o navio, sem mais lamento,
No abismo do mar, onde não há sinais,
O fundo aguardava em um lento tormento.
Quando o gigante sumiu no negrume,
Sobraram fantasmas na noite sem fim,
O Atlântico calmo cobriu o costume,
De promessas quebradas, em dor e fim,
E as estrelas brilharam, indiferentes, enfim.
----------------------------------------------------------------------
Leia também estes dois Acrósticos
TITANIC
NEM DEUS AFUNDA O TITANIC