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O Vendedor de Mentiras

Reflexão Sobre a Ilusão de Ficar Rico Comprando Mentiras

 

Este texto é uma reflexão profunda e inquietante sobre a moralidade, poder e o impacto de ações que exploram a vulnerabilidade das pessoas. Ele aborda temas complexos como a manipulação, o engano, e a ética, destacando uma pessoa que se beneficia das fraquezas alheias, mas ao mesmo tempo, reconhece a imoralidade de suas ações e as ignoras.

 

Esse tipo de narrativa pode ser interpretado como uma crítica ao sistema que permite e, em alguns casos, até recompensa comportamentos antiéticos, mostrando como a busca pelo poder e pelo dinheiro pode corromper a consciência humana. A consciência da própria maldade, combinada com a indiferença para com as consequências que as ações causam na vida dos outros, cria um personagem que é tanto ciente da sua crueldade quanto indiferente a ela, reforçando a natureza egoísta e destrutiva dessa trajetória.

 

Se o propósito é explorar a complexidade dessa questão em um conto ou outro formato literário, o texto pode servir como ponto de partida para uma discussão sobre a decadência moral e a capacidade de autopreservação através da manipulação e do controle.

 

Reflexões de um Mestre da Ilusão

O Peso da Fortuna Construída Sobre Mentiras

 

No silêncio da noite, quando o eco das vozes adormece e a escuridão toma conta da minha consciência, sou confrontado por um dilema que me persegue insistentemente. Como posso me considerar uma pessoa honesta e decente, quando toda a minha fortuna, todos os meus bens materiais, foram construídos sobre as bases de mentiras e ilusões? Minhas riquezas não vieram de trabalho árduo ou de mérito legítimo, mas sim da minha habilidade em enganar, em manipular as pessoas, tirando delas o pouco que poderia lhes servir para sustento. Eu criei um império baseado em ilusões, e ainda assim, me pergunto como posso conviver com essa verdade.

 

É um paradoxo cruel: eu sou plenamente ciente de que não é certo, que é imoral o que faço. Mas o resultado, o dinheiro que flui para minha conta, parece apagar qualquer resquício de culpa ou remorso. O que importa se os outros sofrem as consequências das minhas ações? No final, o que conta para mim é que o lucro é garantido. E se os outros não conseguem enxergar através das mentiras, se permitem ser enganados, será que a culpa é realmente minha? Ou será que é deles, por serem tão facilmente manipuláveis?

 

Ao observar a sociedade ao meu redor, não consigo deixar de me perguntar: como pode uma pessoa, em plena consciência, tirar do seu próprio filho, do seu sustento básico, para comprar cursos que prometem riquezas rápidas, “cinco passos para a prosperidade”? Como podem ser tão ingênuos, tão facilmente seduzidos por promessas vazias? A resposta, por mais desconfortável que seja, é clara para mim: eles são fracos, desesperados, e eu aproveito essa fraqueza. É um jogo cruel, mas é um jogo que eu sei jogar muito bem.

 

O que pensam essas pessoas quando compram esses cursos fraudulentos? Será que acreditam realmente que estão a um passo da riqueza? Francamente, não me importo. O que realmente importa para mim é que elas continuem cegas, alienadas, imersas nas minhas ilusões e mentiras. Desde que acreditem na próxima promessa, no próximo curso, o fluxo de dinheiro não vai parar. E é isso que me interessa.

 

O poder que acumulei através desse jogo sujo é intoxicante. Tenho seguidores, admiradores, pessoas que me idolatram como se eu fosse um guru, um salvador. Sinto-me poderoso, capaz de desafiar qualquer um que ouse se opor a mim. Posso desafiar o presidente, o Supremo Tribunal, quem eu quiser. E se algo acontecer comigo, se por acaso enfrentarem a ira de um “inocente” trapaceiro, tenho um exército de seguidores cegos prontos para sair às ruas em minha defesa, como gado atendendo ao som do berrante.

 

No entanto, por mais cínico que possa parecer, sou consciente das realidades duras que muitos dos meus seguidores enfrentam. Sei que a maioria deles não tem o necessário para comer duas refeições dignas ao dia. Sei que suas vidas são marcadas pela escassez, pelo desespero. Mas me pergunto, honestamente, se isso é realmente problema meu. Será que eu deveria me preocupar com o que eles têm ou não para comer?

 

A resposta que me vem à mente é clara: não. O que realmente me preocupa, o que ocupa meus pensamentos, é garantir que esses mesmos seguidores, por mais famintos que estejam, não deixem de comprar minhas mentiras. Que continuem acreditando nas promessas que faço, nas soluções mágicas que vendo. Se passarem fome por isso, se privarem suas famílias do essencial, esse é um problema deles, não meu.

 

Esse ciclo de manipulação e engano, de construção de fortuna às custas do sofrimento alheio, se tornou uma parte inescapável da minha identidade. E por mais que eu saiba, em algum nível, que o que faço é errado, o poder que essa posição me dá me impede de parar. No fundo, sei que sou prisioneiro do mesmo sistema que criei. Um sistema que recompensa a desonestidade, que celebra o engano, e que me coloca no topo enquanto os outros permanecem na base, sustentando minha opulência.

 

Se há algum remorso, ele é sufocado pelo som do dinheiro caindo na minha conta. Se há alguma culpa, ela é obscurecida pelo brilho das minhas conquistas materiais. Mas, de vez em quando, quando o silêncio da noite me força a encarar a realidade, sou obrigado a me perguntar: até quando? Até quando conseguirei manter essa fachada? Até quando o peso das minhas ações vai me permitir continuar vivendo assim, sem ser consumido pelo próprio veneno que espalho?

 

Essas reflexões, por mais inquietantes que sejam, ainda não são suficientes para me fazer mudar de rumo. Por enquanto, a lógica do lucro prevalece, e o sofrimento dos outros continua a ser o combustível da minha fortuna. Mas a consciência do que fiz, do que continuo a fazer, é um lembrete constante de que a linha entre o sucesso e a decadência é tênue, e que, no final, todos pagamos o preço pelas escolhas que fazemos.

 

Assim, permaneço aqui, consciente da minha crueldade, mas preso ao poder que ela me dá. E talvez, no fim das contas, essa seja a punição que realmente mereço: viver com a consciência do mal que fiz, sem a capacidade de escapar das suas consequências.

 

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 Se você identificar uma pessoa que esse chapéu cabe na cabeça, é apenas mera coincidência da realidade que acontece no mundo e no Brasil com mais divulgação.

Breve, poesias desse tema vergonhoso e imoral. É só minha opinião fictícia em poesia.

A Sales
Enviado por A Sales em 04/09/2024


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