O Buraco da Fechadura
Através do buraco da fechadura, espreito,
O mundo oculto, onde a luxúria é lei.
Vejo o contorno do corpo despido, perfeito,
E cada suspiro no escuro me embriaga, me atrai.
A chave não gira, mas a visão é completa,
No silêncio, o desejo sussurra sua trama.
Cada movimento, uma dança discreta,
No segredo da noite, o calor inflama.
As sombras brincam, o corpo reluz,
Cabelos dourados, pele de porcelana.
O olhar que não vê, mas sente a luz,
E a mente cria o que o corpo profana.
Entre os batimentos, um toque imaginado,
O buraco revela, mas não satisfaz.
A espera é doce, o desejo é sagrado,
E o coração arde no seu próprio gás.
E quando a visão se desfaz na aurora,
O buraco da fechadura, vazio, assombra.
A lembrança que fica, queima, devora,
Na mente, o corpo perfeito ainda ronda.