Cama, Quarto, Banheiro, Adeus
Na cama, o começo é sussurro abafado,
Lençóis que se torcem, o desejo inflamado,
Corpos que se encontram em um ritmo sem fim,
Pele na pele, o calor de um amor clandestino,
Sons entrecortados, gemidos no escuro,
A noite se alonga, o prazer é seguro.
No quarto, o silêncio é só disfarce,
Beijos que queimam, mãos que não se cansam,
Cada toque, um mapa de segredos,
Explorações sensuais, segredos desvendados,
No espelho, reflexos de luxúria,
E o tempo, cúmplice, estende-se em ternura.
No banheiro, o vapor esconde a paixão,
Água escorre como rios de tentação,
Dedos que deslizam, bocas que provocam,
Corpos que se rendem à mais pura entrega,
Paredes molhadas, testemunhas caladas,
Onde o desejo encontra sua plena jornada.
Mas o adeus chega, frio e inevitável,
O calor se dissipa, o vazio é palpável,
Os olhos que antes brilhavam de luxúria,
Agora evitam, em silêncio, a amargura,
O prazer é memória, o desejo, lembrança,
O quarto se cala, sem rastro de esperança.
No coração, resquícios de um ardor intenso,
A cama que agora é apenas um imenso
Mar de saudade, de um adeus sem retorno,
Onde o que foi, já não volta, se perde no contorno,
Do quarto, do banheiro, dos suspiros abafados,
Onde antes havia nós, agora só há fados.
A porta se fecha, o adeus se consuma,
O vazio ecoa, no peito, uma bruma,
A cama arrumada, mas ainda quente,
Recorda o desejo, o amor latente,
Mas é o fim, a despedida fria,
Do que foi erótico, resta só melancolia.
O cheiro dela ainda paira no ar,
Uma lembrança doce do que foi amar,
Mas os passos se afastam, e o adeus é final,
O quarto é testemunha de um desejo mortal,
Que na cama começou, e no banheiro ardeu,
Mas que ao fim, se desfez, e desapareceu.
No espelho, o reflexo de um corpo cansado,
Do prazer vivido, agora só restou o fardo,
De uma despedida que corta, que fere,
O desejo que antes uniu, agora prefere
A solidão, o vazio, o silêncio da noite,
Onde o adeus é a lâmina que a carne açoite.
E no adeus, o fim de um ciclo ardente,
De um desejo que se extingue lentamente,
A cama se esfria, o quarto silencia,
O banheiro é apenas um eco de agonia,
E a porta se fecha, sem olhar para trás,
Deixando o adeus como o último de seus sinais.