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O Buraco da Fechadura

 

Stefany estava sozinha em casa naquela noite quente de verão. A janela aberta deixava entrar a brisa suave que balançava as cortinas levemente, enquanto o luar iluminava o quarto com uma luz prateada e suave. Ela caminhava pelo corredor em direção ao seu quarto, o som dos seus passos ecoando na casa vazia. Mas, ao passar pela porta do quarto de hóspedes, algo a fez parar. Havia uma estranha sensação no ar, um arrepio que percorreu sua pele. Curiosa, Stefany se inclinou, hesitante, para espiar pelo buraco da fechadura.

 

Do outro lado, o quarto estava escuro, iluminado apenas pela luz da lua que entrava pelas frestas da persiana. Seu coração acelerou quando ela percebeu que não estava sozinha. Havia uma silhueta movendo-se lentamente no quarto, um homem, de costas para a porta. Ele estava de pé, próximo à janela, o corpo esguio delineado pela luz fraca. O que ele fazia ali? Como ele havia entrado? Perguntas inundavam sua mente, mas Stefany não conseguia desviar o olhar.

 

O homem se moveu, e ela viu a camisa deslizar suavemente de seus ombros, caindo no chão sem fazer som. A visão de sua pele exposta, bronzeada e forte, despertou algo profundo em Stefany, um desejo que ela não sabia que existia. Ela sentiu o calor subir pelo seu corpo, cada movimento dele era uma dança silenciosa, uma coreografia de mistério e sensualidade.

 

Sem pensar, sua mão deslizou pela maçaneta, mas ela não a girou. Ficou ali, imóvel, sentindo o metal frio contra a pele quente de seus dedos. A porta a separava de algo desconhecido e excitante, uma barreira fina que ela poderia atravessar a qualquer momento, mas não o fez. Algo na maneira como ele se movia, a lentidão calculada de seus gestos, a hipnotizava. Era como se ele soubesse que estava sendo observado, e cada movimento era uma resposta a isso.

 

Stefany prendeu a respiração quando ele se virou, lentamente, como se estivesse ciente da sua presença do outro lado da porta. Ela viu seus olhos brilhando na escuridão, penetrantes e intensos. Ele sorriu, um sorriso enigmático que a deixou arrepiada. Como ele poderia vê-la através do buraco da fechadura? Aquela era uma noite onde os limites da realidade pareciam se desvanecer, e o impossível se tornava possível.

 

O homem deu um passo em direção à porta, e Stefany sentiu o coração bater ainda mais forte, como se quisesse sair do peito. Ela deveria fugir, abrir a porta e confrontá-lo, ou simplesmente continuar ali, presa entre o medo e o desejo? A tensão no ar era palpável, e cada segundo que passava parecia durar uma eternidade. Ele estava cada vez mais perto, e Stefany não sabia se o que sentia era medo ou excitação.

 

Ele parou, a centímetros da porta, e por um momento, Stefany pensou que ele iria abri-la. Mas, em vez disso, ele se inclinou, o rosto próximo ao buraco da fechadura. Stefany pôde sentir seu olhar, intenso e ardente, penetrando através da pequena abertura. Seus lábios se moveram, formando palavras inaudíveis que ela tentou desesperadamente decifrar. Era como se ele estivesse contando um segredo, um segredo que ela ansiava por ouvir.

 

De repente, ele se afastou, a escuridão engolindo sua figura novamente. Stefany ficou ali, paralisada, o desejo e a curiosidade misturando-se em uma tormenta dentro dela. Quem era aquele homem? Como ele sabia da sua presença? E, acima de tudo, por que ela não conseguia se afastar daquela porta, daquela visão que a enfeitiçava?

 

No instante seguinte, a maçaneta começou a girar lentamente, como se alguém do outro lado estivesse prestes a abrir a porta. Stefany deu um passo para trás, o coração disparado, enquanto observava a cena se desenrolar diante de seus olhos. Mas antes que a porta se abrisse completamente, tudo parou. A casa ficou em silêncio, e ela ficou ali, no corredor escuro, com a sensação de que o mistério estava apenas começando.

 

O Buraco da Fechadura 2

A Sales
Enviado por A Sales em 18/08/2024
Alterado em 27/08/2024
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